Histórias não contadas em livro

Giovanni Mastroianni
Advogado, administrador e jornalista

Publicação: 18/05/2019 03:00

Ao editar o opúsculo Um pouco de mim, deixei de revelar alguns fatos reais que muito bem poderiam ter sido descritos com os relatados. Valho-me, pois, do Diario de Pernambuco para descrever alguns deles que bem mereceriam ser inseridos.

Na condição de jornalista, em Caruaru, fui informado de que um suspeito de homicídio havia fugido da cadeia do município de Panelas e, ao evadir-se, além de roubar as armas expostas no saguão, atirara nos  policiais de serviço, refugiando-se, em seguida, num monte  próximo à delegacia.  Desloquei-me, de imediato, para o local onde se homiziara o fugitivo, em busca  de reportagem, correndo o risco de ser alvo do marginal. Por sorte, os policiais conseguiram localizar e prender, novamente, o foragido. O “furo” de reportagem foi dado em jornal e em rádio.

Em julgamentos pelo Tribunal do Júri nunca antes havia atuado como Assistente da Acusação, até que um dia concordei em colaborar com um colega advogado, participando de um julgamento, na Comarca de Altinho, ignorando que a população em peso era favorável à absolvição do réu. Igualmente, nenhum argumento, convencia os jurados do contrário e o resultado já era o esperado: sete a zero a favor da absolvição. Como o ambiente era hostil por parte da população, achei por bem, antes mesmo do resultado dos jurados tornar-se público, deixar o recinto do tribunal e, obscuramente, retornar à Capital do Agreste.

Em contrapartida, aceitei convite de outro colega, este militante em Santa Cruz do Capibaribe, para a defesa de um réu, que contava, também, com o apoio integral dos cidadãos daquele município. O julgamento foi épico, pela dramatização que lhe imprimiu o presidente do tribunal do júri, durante as 27 horas de sua duração,  sendo digno de um documentário para cinema ou televisão.

Bem diferentes dos altinenses, os santa-cruzenses estavam todos solidários comigo e meu parceiro, soltando fogos à saída do fórum, enaltecendo os defensores e o réu pelos alto-falantes espalhados em toda a cidade. Foi um dia de festas. Curioso é que, até o dia do julgamento, o corpo da suposta vítima não fora encontrado.

Não é repetição do supracitado acontecimento, mas circunstância quase idêntica ocorrera comigo e outro colega na Comarca de Jurema. O réu foi absolvido, pois o suposto cadáver desaparecera. Os noticiários de rádio e jornais fizeram uma completa cobertura jornalística, destacando o ineditismo nas hostes policialescas. Santa Cruz do Capibaribe, também, foi palco de um triste acidente, em 26 de maio de 1968, quando um bimotor da COHEBE, que transportava familiares e dirigentes daquela companhia, caiu na zona rural daquele município. Fiz a cobertura com  colegas da imprensa, obtendo vastas ilustrações do nefasto desastre aéreo, tendo realizado, igualmente, destacadas reportagens para rádio e jornal.

Quem sabe se resolver editar, verdadeiramente, um livro conte melhor esses fatos?