Casas que dominaram a noite do Recife

João Alberto
Jornalista

Publicação: 28/08/2020 03:00

Ferro Velho: Ficava em Piedade numa rua atrás da Avenida Boa Viagem. Foram famosos seus concursos de dança, ganhos por gente que brilhava na nossa night. O maior sucesso mesmo era a Xixi-Girl, que acontecia no final das tardes dos domingos, o grande point de paquera da nova geração.

Rosa Amarela: Foi a primeira boate cinco estrelas do Recife. Ficava na cobertura da Rádio Jornal do Commercio, na Rua do Imperador. O nome foi uma homenagem a uma música de Capiba, que esteve na noite da inauguração. Era comandada por Zinho Correia e a apresentadora de TV Heloisa Helena, que na época eram casados. Tinha orquestra ao vivo e shows de artistas famosos.

Hipopotamus: Sua vinda para o Recife foi uma verdadeira sensação. Era filial da casa com o mesmo nome, do Rio, a mais famosa boate do país, também com filial em São Paulo. Uma casa elegante, que teve um detalhe curioso: a parede que separava os sanitários masculino e feminino era muito fina e possibilitava ouvir a conversa no espaço vizinho. Foi tema de muita fofoca. Como eu era amigo do dono, Ricardo Amaral, eu ganhei a carteira de sócio 001.

Adega da Mouraria: O empresário português Manuel Maia abriu uma casa de luxo na Rua Uchoa Cintra, bem no Centro do Recife. Era luxuosa, decorada principalmente com azulejos com imagens lusitanas e direito a camarotes. Tinha excelente cozinha e todo final de semana fazia shows com grandes nomes. Num deles, Tito Madi, no auge na época, deixou o palco depois de pedir várias vezes que as pessoas deixassem de conversar na sua apresentação. Era difícil, pois a maioria já tinha tomado muitas doses de uísque.

Adega do Bocage: Pertinho, de olho no sucesso da Mouraria, abriu a Adega do Bocage, no mesmo estilo, que acabou dividindo a clientela. Tinha uma curiosidade: o dono era fadista e costumava se apresentar, mas não era muito bom e as pessoas costumavam chegar despois da sua apresentação, que sempre abria à noite.

Blue Sky: A primeira (e única) experiência de Julião Konrad na vida noturna. Ele fez uma casa de luxo, em cima do Skillus, restaurante que ele tinha no Shopping Guararapes. O nome foi inspirado num navio de cruzeiros. Funcionou, com sucesso, durante mais de três anos.

Fun House: Foi a maior casa noturna do Recife, que pertencia a Severino Mendonça e tinha Beto Kelner como sócio. Ficava na Torre e tinha quatro mil metros quadrados, com 11 ambientes distintos e chegava a ter cinco mil presentes nas noites dos fins de semana. Era eclética, inclusive recebendo shows de artistas famosos e até lutas-livres, precursoras do UFC.

Number One: A boate funcionava no antigo Hotel Boa Viagem, que implantou uma norma rigorosa: homem só podia entrar acompanhado. E criou um fato comentadíssima na época: barrado, um frequentador, disse que ia buscar sua namorada, vestida de preto. Saiu, pegou seu carro, um Passat preto, e invadiu a casa, começando por derrubar o toldo que ficava em frente à boate, Deixou o carro lá e pegou um táxi para ir para casa.

Champagne: Ficava no anexo do Hotel Boa Viagem, com entrada pela rua lateral foi uma das mais luxuosas boates do Recife, com um estilo europeu, que reuniu por muitos e muitos anos os nomes de maior prestígio na cidade. Tinha música ao vivo, com orquestra, até meia-noite, quando entrava o DJ, na época chamado discotecário.

Côte D’Azur: Ficava na Avenida Boa Viagem, com música ao vivo e que fez sucesso por muitos anos. Tinha um piano-bar, onde se destacava o pianista Bamba, que depois foi assassinado no Edifício Holiday, onde morava, num crime que teve a maior repercussão e, pelo que eu sei, nunca teve o assassino descoberto. No local, hoje existe um edifício de apartamentos com o mesmo nome.

Fashion Club: De um grupo de Brasília, teve a primeira casa no espaço do antigo Cinema Recife 1.2.3, junto do Shopping Recife. Depois, foi para um casarão no Recife Antigo, onde hoje é a sede do Diario de Pernambuco, mas sem conseguir repetir o sucesso de antes. Chegou a ter uma filial em João Pessoa.

Kartier: Foi uma casa comandada pelo maestro Guimarães e ocupava um grande espaço na cobertura de um centro empresarial junto do Mercado de Boa Viagem. Nos fins de semana, sempre fazia shows com cantores conhecidos. Não teve uma vida longa.