A valorização do café gourmet e a produção em Pernambuco

Álvaro França
Gerente-geral de Fomento e Arranjos Produtivos da Adepe

Publicação: 21/10/2021 03:00

Ainda que a exploração da mão de obra escrava viesse a introduzir culturas como o dendê, o inhame e a mamona, nenhuma teve seu protagonismo tão acentuado e influente como o cafeeiro, proveniente do continente africano, sendo introduzido pela Guiana Francesa na região Norte do Brasil, muito antes do tráfico negreiro.

O cafeeiro, por ser uma planta perene, está sujeito a variações das safras ao longo dos anos, a depender de condições climáticas, disponibilidade hídrica, tratos culturais e até a forma de colheita. Desse modo, pode-se alterar, de modo substancial, a qualidade e o sabor do café produzido. Tais aspectos ambientais se resumem ao “terroir” do café, a exemplo das videiras que resultam em safras diferenciadas de uva, levando a vinhos únicos, com elevada valorização no mercado internacional.

Este terroir converge com a valorização do café gourmet e coloca os cafés originados em Pernambuco no mapa de cafés especiais, a exemplo do produzido em Taquaritinga do Norte, uma região cujo microclima torna favorável ao cultivo de café arábica (Coffea arabica Typica), de elevada qualidade. O cafeeiro é cultivado debaixo dos resquícios de Mata Atlântica, de modo sombreado, sem a utilização de compostos químicos, contribuindo assim para o seu sabor.

Mesmo no Recife, somos capazes de encontrar cafés especiais de vários estados brasileiros e até mesmo importados de países como Timor Leste, Índia e Etiópia e Colômbia, entre outros. Mas ainda é raro encontrarmos cafés pernambucanos nas nossas cafeterias e mercados locais.

Observa-se diante desse contexto, grandes oportunidades em relação ao café produzido em Pernambuco. O mesmo pode vir a alcançar novos mercados ainda mais exigentes, no Brasil e no exterior, tornando-se em uma excelente oportunidade ao empreendedorismo, beneficiando o produtor local e promovendo o desenvolvimento regional.