O lado dos "vencedores" perdeu

Publicação: 10/08/2018 03:00

Em tom de lamento, a presidente STF, ministra Cármen Lúcia, comentou ontem a inclusão do reajuste de 16,38% no salário dos próprios ministros na proposta orçamentária da Corte, aprovada na quarta-feira em reunião administrativa do STF, por 7 votos a 4. A ministra votou contra o aumento.

Sem citar nominalmente o reajuste, Cármen disse que na quarta “perdeu”, mas que não queria estar ao lado dos “vencedores”. “O que venceram e como venceram não era o que eu queria e continuo não convencida de que era o melhor para o Brasil”, disse Cármen, que na quarta foi acompanhada pela minoria dos ministros, Edson Fachin, Rosa Weber e Celso de Mello. Votaram para aprovar a proposta com reajuste os ministros Dias Toffoli, próximo presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes, Luiz Fux, Ricardo Lewandowski, Alexandre de Moraes e Marco Aurélio Mello.

Apesar de ter sido incluído na proposta orçamentária da Corte, o reajuste salarial ainda precisa ser aprovado pelo Senado - o projeto de lei já passou pela Câmara - e também ser sancionado pelo presidente Michel Temer.

O comentário da ministra foi feito durante palestra no ‘Seminário Nacional - Os Direitos Humanos, os 30 anos da Constituição e os 70 anos das Declarações Americanas e Universal’. Cármen falava sobre perdas históricas quando fez menção à “perda” de quarta.

“Eu quando conto isso, fica parecendo que sou uma pessoa que perde muito. Aliás perco quase todo dia, ontem perdi, provavelmente hoje perco de novo em alguma votação’, mencionou a ministra. “Conto apenas para mostrar que às vezes lutamos muito, mas não ganhamos, mas que o objetivo de lutar pelo Brasil e conviver com o diferente, que muitas vezes vence, faz parte da democracia”, completou Cármen, que deixa a presidência do STF em setembro. (AE)