ELEIÇÕES 2018 » O discurso para chegar ao 2º turno Em agenda em Pernambuco, Ciro Gomes enfatiza que não quis cumprir o papel de Haddad e se colocou como a melhor opção para os nordestinos

Rosália Rangel
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Publicação: 24/09/2018 03:00

Empatado tecnicamente com o candidato do PT, Fernando Haddad, na briga para chegar ao segundo turno, de acordo com os números da última pesquisa do Datafolha, o presidenciável do PDT, Ciro Gomes, cumpriu agenda ontem no Recife. Apesar de ficar pouco tempo em solo pernambucano, Ciro não fugiu ao seu estilo contestador. Antes de conversar com jovens,  no Colégio Auxiliadora, no bairro das Graças, o pedetista afirmou que foi convidado para ser o vice do ex-presidente Lula (PT), mas não aceitou porque “não faria o papelão” que  Haddad está fazendo de ser, segundo ele, presidente “por procuração”.

“Se é isso que o Brasil quer, sou um democrata. Mas não aceitei cumprir esse papel porque o Brasil não aguenta mais um presidente fraco”, justificou. Em entrevista à imprensa, o candidato fez questão de mostrar a diferença que considera existir entre PT e PDT.  “A diferença do PDT é que a gente não pensa primeiro no partido. A gente pensa primeiro na população. Já o PT, ao invés de apoiar o melhor para Brasil, apoia primeiro o candidato deles”, ressaltou Ciro.

Ao ser questionado sobre os números das pesquisas, Ciro fez um apelo aos brasileiros. “Recomendo ao povo brasileiro, com muito amor e compaixão, que a gente não entregue nossa decisão para os instituto de pesquisa. Lembrem-se que estamos num país em que tudo pode estar de cabeça para baixo por mero erro, porque os votos estão migrando, estão mudando, há muitas emoções e reviravoltas na campanha”, disse, acrescentando que “este é um país em que se ouve falar em compra e venda de deputados. Se um deputado pode ser comprado num país como o nosso, você imagina que os institutos de pesquisa estão assim tão protegidos da decência?”, questionou o pedetista.

Ciro Gomes lembrou, ainda, que Brasil está vivendo “a pior e a mais grave crise” da história e, na opinião dele, transforma as próximas eleições nas eleições mais importante desde a redemocratização. “Não podemos errar. O Bolsonaro representa uma repulsa à política, o ovo da serpente do nazifascismo entre nos, que tem sete cabeças. Uma para discriminar mulher. Outra para discriminar o negro. Outra para discriminar , o quilombola, discriminar a orientação sexual diferente daquilo que ele acha normal, outra para discriminar o nordestino e essa serpente está ameaçando o Brasil de forma muito grave”, alertou o ex-governador do Ceará.

O candidato, no entanto, reconheceu a força do ex-presidente no estado. “É evidente que estou falando em uma terra onde o Lula é queridíssimo. Foram 16 anos apoiando Lula. Agora, o único estado do Brasil que deu dois terços contra o golpe não foi Pernambuco. Foi o Ceará. O governador Paulo Câmara (PSB) votou contra Dilma e conseguiu que essa burocracia do PT tirasse Marília Arraes (da disputa pelo governo do estado) só para não me deixar falar. É essa escola política que Pernambuco quer dar valor e prestigiar?”, questionou Ciro.

No Recife, Ciro Gomes foi recepcionado pelo candidato ao governo do estado pelo Pros, Maurício Rands, e o candidato a deputado federal Túlio Gadelha (PDT). Ao falar para a juventude, antes do discurso do presidenciável, Rands afirmou que o Brasil está dividido entre “coxinha e mortadela”. “É polarização. Ciro vai pacificar a esquerda, vai unir o centro, vai unificar o país e vai fazer as mudanças, inaugurando uma nova fase. Em Pernambuco, a hora da virada começou, inaugurando uma nova era. Aquela que não aceita os acordos com os cartórios, da compra dos partidos que faz aliança lá em cima e 90% da militância não aceita. Hoje, aqui em Pernambuco, começa uma reação contra o os acordos de cúpula contra as manobras porque Pernambuco é libertário. Pernambuco é emancipação”, afirmou Rands.