ELEIÇÕES 2018 » Oficializado, Haddad vira alvo Possibilidade de crescimento das intenções de voto do petista, principalmente no Nordeste, causou ontem uma inflexão no comportamento de Ciro Gomes

Publicação: 12/09/2018 03:00

A 26 dias da eleição, Haddad inicia oficialmente a campanha presidencial com 8% das intenções de votos, segundo pesquisa Ibope divulgada ontem (veja mais na página A4). O petista está empatado tecnicamente com Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede), ambos com 9%; e Ciro Gomes (PDT), que registrou 11%.

A possibilidade de crescimento das intenções de voto do petista, principalmente nos estados nordestinos, onde Lula e o PT têm mais força eleitoral, causou uma inflexão no comportamento de Ciro, que também busca conquistar eleitores inclinados à esquerda e na região.

Ontem pela manhã, ao cumprir agenda de campanha em Taboão da Serra, na região metropolitana de São Paulo, Ciro já deu sinais de como pretende se comportar na disputa direta. Ele foi aconselhado a questionar a experiência administrativa do petista e o desempenho eleitoral de 2016 sem tecer críticas pessoais a Haddad, com quem tem relações de amizade.

Em Taboão da Serra, o pedetista criticou o desempenho eleitoral de Haddad e a postura do PT de insistir na candidatura de Lula à Presidência. Ao discursar, lembrou a campanha de 2016, quando o então prefeito da capital paulista e candidato à reeleição Fernando Haddad foi derrotado no primeiro turno para João Doria (PSDB). “Eu e Lula apoiamos o Haddad em 2016 e tivemos uma decepção profunda, já que ele perdeu no primeiro turno para o Doria e perdeu para os votos brancos e nulos. Isso não desqualifica o Haddad. Gostaria de tê-lo como vice em outra configuração. Mas ele sai muito fragilizado”, afirmou o pedetista.

Em outro momento, sem mencionar o nome de Haddad, Ciro condenou a cúpula do PT. “Eles incitaram frações importantes do nosso povo que quer bem o Lula para tentar manipular este sentimento e lançar uma pessoa que talvez tenha dificuldades para interpretar com fidelidade aquilo que o Brasil precisa agora”, disse.

Ciro também afirmou que a esquerda do país já está dividida. “Nós já estamos divididos, porque não aceito a imposição da cúpula do PT. Eu fui convidado para exercer este papelão aí, de ser vice de ataque e amanhã ser escolhido na frustração do povo diante da não candidatura de Lula. Não é assim que se constrói uma liderança”, disse.

Haddad foi anunciado no final da tarde, após uma reunião da Executiva Nacional do PT e dois encontros com Lula. Ao sair da PF, o agora presidenciável discursou para cerca de 400 militantes ao lado de sua candidata a vice, Manuela d’Ávila (PCdoB), da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e da presidente cassada Dilma Rousseff, entre outras lideranças petistas.

O ato foi aberto por Gleisi, que, como presidente do PT, anunciou a substituição na chapa petista. Ao discursar, criticou o Judiciário por impedir a candidatura de Lula. “Não deram o direito de Lula ser candidato sub judice, e o que foi dado a todos os outros candidatos que tentaram disputar uma eleição mesmo condenados em segunda instância. Lula não teve este direito”, disse. (Agência Estado)