ELEIÇÕES 2018 » Por uma evolução real na sala de aula Especialistas afirmam que, mais importante que índices baseados em pesquisas, é que os candidatos ao governo do estado planejem o real aprendizado do aluno

Rosália Rangel
rosalia.rangel@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 22/09/2018 03:00

A questão da educação entra na pauta dos candidatos ao governo de Pernambuco, dando sequência à série de matérias produzidas pelo Diario sobre temas específicos e de interesse da população. Apesar de ser assunto sempre presente nas campanhas eleitorais, a educação continua na lista dos problemas mais greves do país, onde milhares de pessoas ainda não sabem ler nem escrever.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2017, a taxa de analfabetismo em Pernambuco chega a 13,4% (da população de 15 anos ou mais), o que equivale a 1,5 milhão de pessoas.   

Um quadro que, sem dúvida, ainda se configura com um grande desafio para os governantes brasileiros.

Em Pernambuco, a atual gestão tem trabalhado de forma positiva com os dados alcançados pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que vem evoluindo nos últimos cinco anos. Um cenário, no entanto, que não fica imune aos olhos de especialistas e profissionais da área.

Resultado
Na avaliação da professora Ana Lúcia Borba, do Departamento de Administração Escolar e Planejamento Escolar da UFPE, a principal preocupação da Secretaria de Educação é apenas com o resultado numérico em detrimento do real aprendizado dos alunos. “Os dados advindos das pesquisas (entrevistas com gestores escolares, professores, estudantes e membros da comunidade) realçam uma pressão sobre a escola para produzir resultados positivos para o Ideb e Índice de Desenvolvimento da Educação Básica de Pernambuco/IDEPE). Como sabemos, o foco da avaliação não pode se restringir às disciplinas de Português e Matemática e taxas de aprovação”, disse, referindo-se a dados divulgados em agosto deste ano que destaca Pernambuco como o único estado do Nordeste a alcançar níveis satisfatórios nas duas matérias.

Reintegrar
Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Araújo, são muitos os desafios a serem vencidos para melhorar a educação no estado.

Ele citou como exemplo garantir permanência do aluno na escola, reintegrar à carreira educacional porteiros, merendeiras e serviços gerais, que agora atuam como terceirizados e acabar com o tratamento diferenciado nas escolas. “Temos escolas excelentes (de referência) ao mesmo tempo que temos escolas sem energia, água, banheiros”, criticou. Ele falou também da questão dos professores com contratos temporários que recebem bem menos que os concursados.

Quadro Educação no estado

Infraestrutura

  • 1.060 é o número total de escolas na rede estadual
  • 672 são escolas regulares
  • 388 escolas em tempo integral (sendo 345 de referência)
  • 43 são escolas técnicas
Escolas Técnicas
  • 16 escolas técnicas foram concluídas nos últimos quatro anos
  • 7 escolas técnicas devem ser entregues este ano
  • 6 já estão em construção nos municípios de Bom Conselho, Abreu e Lima, Olinda, Cabrobó, Itaíba e Exu e outra será construída em Jaboatão dos Guararapes. A previsão para início da obra é final do ano
Número de professores
  • 35.737 é o número de professores na rede estadual da Rede Pública Estadual, sendo:
    - 21.248 efetivos
    - 14.489 temporários
Salário pago ao professor da Rede Estadual
  • Atualmente, segundo a Secretaria estadual de Educação, a média de remuneração mensal dos professores efetivos é de R$ 4.218,85
  • Piso Nacional: R$ 2.455,35
Números do Ideb em Pernambuco - Ensino Médio (Rede Estadual)

2007 – 2,7
Meta – 2, 7

2009 – 3,0
Meta – 2,8

2011 – 3,1
Meta – 3,0

2013 – 3,6
Meta – 3,2

2015 – 3,9
Meta – 3,6

2017 – 4,0
Meta – 4,0

Alunos
  • 580 mil é o número de alunos matriculados na rede estadual
  • 148.132 alunos são matriculados nas escolas de tempo integral
  • 15.098 nas escolas técnicas
Evasão Escolar em Pernambuco

Ensino Médio

1,5% (segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio eixeira – Inep)

Fonte: Secretaria estadual de Educação

O que os candidatos dizem

Maurício Rands (PROS)

“O modelo no qual o estado cuida do ensino médio e os municípios do ensino fundamental, pré-escola e creche não tem dado bons resultados. O estado deve trabalhar com os municípios para melhorar o acesso e a qualidade da educação pública como um todo. No Ceará, o governo criou novas regras de distribuição de parte do ICMS, de forma a favorecer os municípios com melhores desempenhos nas notas da prova Brasil. Vamos promover capacitação, premiações para os melhores gestores e professores, entre outras ações. Vamos dialogar e valorizar os profissionais da educação, com bonificações por atingir metas palpáveis relacionadas ao aprendizado. Formar melhor as crianças desde os primeiros anos do ensino fundamental. Ampliar o modelo de escola integral para as 1.050 escolas do ensino médio no estado e abrir espaços para os jovens que estão chegando no ensino superior.”

Simone Fontana (PSTU)
“A educação carece de recursos financeiros. Dez por cento do PIB para a educação já! É preciso garantir o acesso e a permanência desde o ensino infantil até a universidade. Democratização das escolas com a participação de toda a comunidade escolar nas decisões e através da eleição direta para diretores. Combate aos projetos como Escola sem partido, BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e reforma do ensino médio que reduzem a participação e o acesso ao conhecimento. Contra a municipalização do ensino, realização de concurso para toda a rede pública e reajuste do piso para toda a carreira do magistério. Elevação gradativa do piso até chegar ao mínimo do Dieese. Redução do número de alunos por turma. Garantia de infraestrutura adequada para todo o processo educativo para o aprendizado cultural e esportivo e de todas as disciplinas. Fortalecimento da UPE e não financiamento ao setor privado.”

Julio Lóssio (Rede)
“Durante nossa gestão, criaremos uma rede de proteção à primeira infância (pré-natal e creches). Com o intuito de fortalecer o Ensino Fundamental, apoiaremos os municípios para o foco no aprendizado de português e matemática. Pensando na sustentabilidade, que norteará todas as nossas ações, iremos desenvolver o projeto Ecoescola com a construção e adaptação das escolas a modelo sustentável, com energia solar e reciclagem de lixo com reutilização de materiais. Além disso, serão realizadas atividades de artes marciais a exemplo da capoeira, que foi introduzida no Programa Nova Semente (Educação Infantil) de Petrolina. Ainda ampliaremos as escolas de Ensino Médio em tempo integral em parceria com o ‘‘Sistema S’’ para quali?cação pro?ssional. Já para o Ensino Superior, implantaremos o programa Casa do Estudante, em parceria com as prefeituras, para dar moradia ao estudante que está longe da família e incentivar sua permanência”.

Paulo Câmara (PSB)
“O compromisso com a Educação é uma de nossas marcas. Fomos responsáveis por fazer com que Pernambuco atingisse o 1º lugar no Ideb. Em 2007, tínhamos 13 escolas de Ensino Integral. Atualmente, contamos com a maior rede do Brasil, com 388. Saímos de 6 Escolas Técnicas para 43 e mais 7 serão entregues até o final do ano. Embarcamos 6,5 mil alunos no Ganhe o Mundo para aprender novas línguas. Implantamos o Passe Livre para 260 mil alunos da Rede Estadual e cotistas da UPE. Ainda nomeamos 3.557 novos professores e valorizamos o profissional, com reajuste salarial nos 4 anos. Iremos continuar ampliando o acesso à Educação de qualidade. Teremos 50 novas Escolas de Tempo Integral, mais 10 Escolas Técnicas, vamos criar o ProUni estadual.”

Armando Monteiro (PTB)
“A Educação será vista de forma integrada. Para isso, os municípios terão apoio financeiro e os professores, apoio técnico na formação, visando alcançar resultados melhores no Ensino Fundamental (por meio da repartição do ICMS). Também vamos ampliar as escolas em tempo integral. A rede pública de Pernambuco ocupa, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, a 20ª posição no ranking do Ideb e 18ª posição nos anos finais, enquanto o Ceará ocupa o 5º e o 3º lugar, respectivamente. Sobre as crianças com microcefalia em idade escolar, vamos integrá-las com as outras crianças. Assim como deve ser feito com alunos portadores de outras síndromes, garantindo a sociabilidade tão necessária para o desenvolvimento pedagógico”.

Dani Portela (PSol)
“Nossas propostas para a Educação prezam pelo respeito à autonomia dos profissionais de educação, permitindo a livre expressão dos docentes dentro de sua atuação pedagógica. Vamos dar fim à maquiagem de notas para fortalecimento real da qualidade educacional, sem metas de aprovação para professores e acabar com as diferenças entre escolas de ‘referência’ e o resto das escolas, para garantir aos estudantes as mesmas estruturas, professores de todas as disciplinas, material escolar e merenda de qualidade em todos as unidades. Pretendemos ainda fortalecer os fundos de incentivos municipais para a criação e manutenção de novas creches, cumprindo a LDB e reduzindo a alarmante porcentagem de mulheres que não conseguem retornar ao trabalho por não ter com quem deixar seus filhos.”