Sob pressão, Marina e Alckmin precisam frear Haddad

Publicação: 14/09/2018 08:30

Com a mudança no cenário eleitoral às vésperas de os brasileiros irem às urnas, Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmin (PSBD), os dois candidatos à Presidência da República considerados os mais moderados, estão tecnicamente empatados. Enquanto a candidata caiu do segundo para o terceiro lugar nas pesquisas mais recentes de intenção de voto, o tucano cresce a passos lentos, apesar de contar com a maior coligação e mais tempo de exposição na tevê e no rádio que qualquer outro presidenciável.

Cada um enfrenta um desafio diferente, mas a estratégia dos dois passa por um ponto em comum: tentar impedir o candidato do PT, Fernando Haddad, de decolar nas pesquisas. Como o petista é considerado o nome com maior potencial de crescimento, agora que passou a substituir oficialmente o ex-presidente Lula, os esforços estão concentrados em atacá-lo e impedi-lo de chegar ao segundo turno.

Com a perda de espaço, Marina precisa não só recuperar os votos perdidos nas últimas semanas, mas conquistar os de outros candidatos da centroesquerda, como Haddad e Ciro Gomes (PDT). O objetivo dela é conseguir pescar a maior quantidade de votos que iriam para Lula, uma tarefa complicada, na avaliação do gerente de análise política da Prospectiva Consultoria, Thiago Vidal. “Com a entrada do Haddad na disputa, parece muito pouco provável que ela consiga. A eleição não tinha começado até Haddad entrar no jogo”, destacou.

Já a situação de Alckmin é diferente. Embora ainda não tenha decolado, o tucano mostra crescimento lento entre uma pesquisa e outra. Mas, para que chegue competitivo ao primeiro turno, precisará subir 3% por semana e empatar com Jair Bolsonaro (PSL), uma média que não tem conseguido atingir. Um dos obstáculos é fazer com que os aliados, de fato, o apoiem. Um candidato que tem 10 minutos de tempo de televisão e a maior coligação entre os postulantes aparecer com apenas 10% da intenção de voto é bem abaixo do esperado, conforme avaliam os especialistas.

Uma das explicações para isso é que falta apoio na ponta. De acordo com levantamento feito pela Prospectiva, quase metade dos aliados de Alckmin nas prefeituras do Nordeste não o defende nos palanques e propagandas. Na prática, está mais alinhada com os candidatos a governador. Do potencial de 856 municípios da região, que contam com 14 milhões de eleitores, o tucano chega a apenas 412, ou 8 milhões. “Metade do apoio dos municípios é jogado fora quando se considera o potencial de votos”, resume Vidal.  (Correio Braziliense)