Carta a decano do STF e advertência ao filho

Publicação: 23/10/2018 03:00

O candidato à Presidência do PSL, Jair Bolsonaro, enviou ontem uma carta ao ministro do STF Celso de Mello após o magistrado classificar como “inconsequente e golpista” as declarações do filho do candidato, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). No texto enviado ao decano, o presidenciável afirma que o STF é o “guardião da Constituição” e que “todos temos de prestigiar a Corte”.

Na carta, Bolsonaro fala ainda em “angústias” e “ameaças” sofridas durante a campanha das eleições 2018.  “Quero, por escrito, deixar claro que manifestações mais emocionais, ocorridas nestes últimos tempos, se mostram fruto da angústia e das ameaças sofridas neste processo eleitoral.”

Mais cedo, em entrevista ao SBT, ele disse que conversou com seu filho. “Já adverti o garoto”, disse o candidato sobre o filho, que tem 34 anos. “A responsabilidade é dele. Ele já se desculpou. Isso aconteceu há quatro meses. Ele aceitou responder a uma pergunta sem pé nem cabeça, e resolveu levar para o lado desse absurdo aí”, disse o candidato. “Temos todo o respeito e consideração com os demais poderes, e o Judiciário obviamente é importante.”

Bolsonaro afirmou que a advertência ao filho “foi até pesada”. “Ele já assumiu a responsabilidade, repito, e se desculpou. No que depender de nós, é uma página virada na história”, disse ele, que, assim como seu vice, Hamilton Mourão, lembrou que o PT já adotou discurso similar.

“Por outro lado, o Wadih Damous falou de forma consciente em fechar o Supremo, e não teve essa repercussão toda. O garoto errou, foi advertido, vamos tocar o barco”, continuou, referindo-se a uma fala do deputado do PT, em abril. Na ocasião, Damous criticava a atuação da Corte no caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando disse ser preciso “fechar o Supremo Tribunal Federal” e “enquadrar essa turma”, em referencia aos ministros.

Damous rechaçou ontem a comparação. Ele afirma que sugeriu uma mudança na Constituição para tornar o Supremo exclusivamente constitucional, sem o processamento de ações penais, enquanto Bolsonaro adotou um tom “retaliatório”. “Dentro de uma discussão constitucional, sugeri que o Supremo fosse substituído por um tribunal constitucional. Esse debate vem desde a Constituinte.”

Para Damous, as duas falas são “incomparáveis”. “Propus um debate de reorganização constitucional em relação ao STF”, disse ele. (AE)