Medidas amargas, mas necessárias Bolsonaro não detalhou que medidas são essas, mas disse que o esforço dele e dos governadores é para evitar que o Brasil se transforme em uma Grécia

Publicação: 15/11/2018 03:00

Em seu primeiro encontro com os governadores eleitos e reeleitos em outubro, o presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou que, por vezes, é necessário adotar “medidas que são um pouco amargas” para evitar o agravamento da crise no país. Ele não detalhou que medidas são essas, mas disse que o esforço é para evitar que o Brasil se transforme em uma Grécia. Bolsonaro lembrou que as reformas têm de passar pela Câmara e pelo Senado e pediu a compreensão dos presentes.

“Algumas medidas são um pouco amargas, mas nós não podemos tangenciar com a possibilidade de nos transformarmos naquilo que a Grécia passou, por exemplo”, afirmou Bolsonaro. “Temos de buscar soluções, não apenas econômicas. Se conseguirmos diminuir a temperatura da insegurança no Brasil, a economia começa a fluir.”

Bolsonaro destacou as potencialidades do país, como a riqueza mineral, a biodiversidade, o agronegócio e o turismo. Segundo o presidente eleito, as soluções passam pelo apoio dos estados. “Não teremos outra oportunidade de mudar o Brasil. Nós temos que dar certo. Não teremos uma outra oportunidade pela frente. Temos que trabalhar unidos e irmandos nesse propósito.”

No encontro de ontem, Bolsonaro propôs aos governadores um pacto a favor do Brasil, no esforço de buscar soluções para os problemas e contribuir na administração das dificuldades. O presidente eleito frisou que o pacto será negociado “independentemente de partido (político). A partir deste momento não existe mais partido, nosso partido é o Brasil”, disse, sob aplausos.

Bolsonaro negou que o Ministério do Meio Ambiente será comandada pela atriz e escritora Maitê Proença. De acordo com ele, o nome escolhido será o de uma pessoa que conhece com profundidade a questão ambiental e vai focar na concessão de licenças, que, na opinião dele, está cercada de burocracia. “Queremos preservar o meio ambiente, mas não dessa forma que está aí.”

O presidente eleito disse ter ouvido uma análise pertinente do futuro governador de Goiás, Ronaldo Caiado. “Ninguém consegue entender porque o Brasil, com a riqueza que tem, está na situação de hoje”, afirmou Bolsonaro. “Temos que destravar questões que nos colocam em situação de atraso.”

Ao ser informado pelo governador eleito de São Paulo, João Dória, de que as reivindicações dos governadores serão reunidas em uma carta, Bolsonaro afirmou que vai analisar com sua equipe cada item exposto no documento.

Dívidas e reformas
Os estados precisam trabalhar em parceria com o governo federal na aprovação de reformas econômicas, disse Bolsonaro. Ele confirmou que o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, discutirá com os governadores uma possível renegociação da dívida dos estados, mas o presidente eleito pediu empenho dos governos locais em medidas que facilitem a superação de crises fiscais. “(O futuro ministro) Paulo Guedes vai negociar isso aí. Falei com os governadores que eles têm problemas. Também falamos que nós também, governo federal, temos. Agora, se nós juntos trabalharmos para fazermos algumas reformas razoáveis, acho que nós temos como tirar o Brasil e os estados da situação econômica complicada em que se encontram”, disse Bolsonaro.

Um aceno do presidente eleito, com a promessa de dividir com os estados a verba da cessão onerosa do petróleo da camada pré-sal, agradou aos governadores. Os governadores pediram ainda que a proposta em tramitação na Câmara dos Deputados que autoriza a securitização, permitindo aos estados venderem, no mercado financeiro, créditos que têm a receber dos contribuintes, e a liberação de recursos para os estados do Programa Especial de Recuperação Fiscal, também conhecido como Refis. (Com agências Brasil e Estado)