"Nunca foi tão fácil ser ladrão nesse país"

Publicação: 15/11/2018 03:00

Lula disse à juíza Gabriela Hardt que “nunca foi tão fácil ser ladrão nesse país”. O petista exaltou-se quando questionado sobre propinas pagas no âmbito de contratos da Petrobras e a criação de um suposto “caixa-geral” do PT, que teria sido administrado pelo ex-tesoureiro da legenda João Vaccari, preso na Operação Lava-Jato desde abril de 2015. “Eu não acredito”, disse Lula, durante a audiência marcada por um embate nervoso e ríspido com a magistrada.

“O senhor não acredita, mas foi lhe dito nos outros depoimentos sobre quantidades de valores devolvidos por diretores e gerentes da Petrobras relativos a propinas e os valores em contas bloqueadas de políticos no exterior”, seguiu Gabriela Hardt.

“Aí é caixa deles, na verdade eles ganhavam um prêmio. Nunca foi tão fácil ser ladrão nesse país. Você rouba, aí depois você faz a delação e fica com um terço do roubo ou dois terços do roubo”, retrucou o ex-presidente. “Mas, então aconteceu?”, indagou a juíza.

“Eu quero saber se encontraram dinheiro do Vaccari no exterior, eu quero saber se encontraram conta do PT no exterior. Por isso, quando um cidadão vem aqui e grita ‘olha, era tudo do caixa do PT, era tudo do caixa do PT’, ele está mentindo!”, afirmou o petista.

Gabriela seguiu. “Quando se vincula pagamento no exterior ao publicitário contratado pelo PT, o senhor não vê vinculação numa coisa com a outra?”

“Eu não tenho vinculação uma coisa com a outra.”. “Eu não estou falando que o senhor tem, estou falando de propinas que são imputadas ao partido.”

Gleisi
A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, afirmou ontem, em Curitiba, que a juíza federal Gabriela Hardt não tem “imparcialidade” para julgar Lula. “Moro tem lado. Ao tirar férias e não se exonerar do cargo de juiz, dirigiu para quem ia ficar o processo. Para a juíza substituta, sua amiga que vai fazer o que ele quiser, porque se ele se exonerasse, como manda a lei, o processo seria distribuído tecnicamente”, afirmou Gleisi, em jogral feito na frente do prédio da Justiça Federal, em Curitiba, minutos antes do início da audiência.