Um tucano local à frente do PSDB Com a bênção do governador eleito em São Paulo, João Doria, o deputado Bruno Araújo se credencia para assumir a presidência nacional da legenda

Rosália Rangel
rosalia.rangel@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 17/11/2018 03:00

Mesmo sem querer antecipar a discussão sobre a escolha do futuro presidente nacional do PSDB, o dirigente local do partido, deputado federal Bruno Araújo, está mais próximo da indicação para ocupar o cargo. O tucano conta com a bênção do governador eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), com quem compartilha o mesmo sentimento em relação às mudanças que devem ser feitas no PSDB a partir do recado recebido das urnas na eleição de outubro. As adequações também passam pelo alinhamento com o governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), que recebeu o apoio de Doria no segundo turno da campanha presidencial. O mesmo aceno feito por Bruno, logo após a derrota para o Senado.

“As eleições para a próxima executiva do PSDB, que presidirá esse novo momento, serão tratadas na hora oportuna. Agora, temos de respeitar o protagonismo das montagens dos governos federal e estaduais. No tempo certo, os governadores e as bancadas do PSDB terão o seu peso na construção dessa nova fase”, argumentou Bruno Araújo em entrevista ao Diario.

Na avaliação dele, o partido precisa se reorganizar “consoante” a nova realidade que emergiu das urnas. “Com serenidade, sem divisionismo e sem buscar bodes expiatórios por insucessos eventuais. Mas imbuídos da coragem de construir um novo caminho, coerente com o ímpeto de mudanças que o Brasil mostrou. Um espírito, aliás, que nos melhores momentos sempre impeliu o voo dos tucanos desde o seu nascimento”, alertou o deputado.

Ao fazer tal avaliação, Bruno Araújo se encaixa no perfil defendido por João Doria para presidir nacionalmente o partido. O tucano acredita na tese de que Alckmin deve ser substituído por um representante da nova geração da legenda. Em recente entrevista à Revista ISTOÉ, Doria afirmou que “não há necessidade de desqualificar a história e a biografia de ninguém, sobretudo a de Alckmin, que foi um grande governador, com trajetória ilibada dentro da vida política, mas Bruno é jovem, exibe espírito moderno e está sintonizado com a perspectiva de renovação do partido” e que o deputado pernambuco “está pronto” para ser o novo presidente do PSDB.

Na última campanha, o PSDB disputou a eleição presidencial com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, atual presidente nacional da sigla. O tucano ficou em quarto lugar, apesar de ter o maior tempo de televisão e a mais ampla aliança com os partidos (9) de centro. Ele conquistou 11 milhões (4%) de votos, ficando no quinto lugar entre os 14 concorrentes. “Devemos todos fazer uma leitura adequada, realista, da mensagem que a sociedade transmitiu nas eleições desse ano. O recado que veio das urnas é inquestionável. O estilo e o conteúdo tradicionais da política foram rechaçados. Cabe a nós do PSDB e mesmo a todos os partidos, porque praticamente todos foram atingidos, uma reflexão autocrítica com humildade e serenidade”, ponderou Bruno.

De acordo com o tucano, o PSDB, apesar de derrotado na eleição presidencial, mesmo tendo um candidato “grande e respeitável”, mantém um peso expressivo nas duas casas do Congresso e comandará estados com população agregada maior que a dos demais partidos. “E mais importante, tem história fecunda e reconhecimento social do muito que realizou. Um partido assim não se verga nas adversidades”, reconhece.