Haddad fala em "trágica ironia"

Publicação: 11/12/2018 03:00

O candidato do PT derrotado na eleição presidencial, Fernando Haddad, classificou como uma “trágica ironia” a diplomação de Jair Bolsonaro ter ocorrido no dia em que a Declaração Universal dos Direitos Humanos completa 70 anos. Em discurso para militantes no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC em São Bernardo do Campo (SP), o petista fez críticas a Bolsonaro e disse que no ano que vem será inaugurada uma “jornada de lutas” contra o que classifica como retrocessos defendidos pelo futuro presidente.

“É uma trágica ironia no dia de hoje comemorarmos os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos no mesmo dia em que é diplomado Jair Bolsonaro presidente da República Federativa do Brasil. Talvez não tenha um paradoxo maior do que este porque, se tem uma pessoa que representa o repúdio a tudo que foi construído no pós-guerra [...] é o presidente diplomado hoje (ontem)”, discursou Haddad, citando que Bolsonaro representa um retrocesso em avanços conquistados por mulheres, negros, indígenas e comunidade LGBT.

De acordo com Haddad, ninguém nomeado para o futuro governo se compromete com lutas do povo trabalhador. “Infelizmente, comandará o país alguém que desconhece a história de luta do povo.” O candidato derrotado, escolhido pelo PT para liderar uma frente de oposição a Bolsonaro, fez coro ao discurso de que o capitão reformado só foi eleito e diplomado porque o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba, foi impedido de concorrer na eleição.

“Vamos inaugurar ano que vem uma jornada de lutas para impedir esses retrocessos e estaremos irmanados com todos aqueles que acreditam no processo histórico que ampliou o horizonte de cada um de nós”, discursou Haddad. Oito meses após a prisão de Lula, o petista declarou ainda que a campanha pela liberdade de Lula está sendo reinaugurada e que a bandeira se insere na defesa da Declaração dos Direitos Humanos.

MENSAGEM
Em uma mensagem transmitida através do presidente estadual do PT em São Paulo, Luiz Marinho, Lula pediu reorganização da militância após a derrota eleitoral do candidato à Presidência Fernando Haddad. No PT, integrantes do partido admitem a dificuldade de mobilização da esquerda no governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro.

“Ele disse: diga à nossa militância que eu estou aqui, mas não arredo um milímetro na saúde; cabeça erguida, reorganização e vamos vencer, perdemos uma eleição mas não perdemos a guerra”, disse Marinho,

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, declarou que o País não ficará pacificado enquanto Lula estiver preso. No ato no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Gleisi endureceu o tom contra o governo Bolsonaro e fez novamente críticas ao ex-juiz Sérgio Moro.