Em Davos "sem viés ideológico" Bolsonaro leva sua bandeira de campanha para o discurso de abertura que fará hoje no Fórum Econômico Mundial, na Suíça

Publicação: 22/01/2019 03:00

Um dos termos mais repetidos nas peças da campanha presidencial de Jair Bolsonaro será um dos eixos do seu primeiro discurso internacional como presidente do Brasil. Em Davos, na Suíça - onde discursa hoje no Fórum Econômico Mundial - Bolsonaro vai levantar sua bandeira do comércio “sem viés ideológico” para que “o mundo restabeleça a confiança em nós e os negócios voltem a florescer”, explicou o presidente em uma rápida entrevista concedida ontem à noite no hotel em que está hospedado em Davos.

O discurso de hoje será “objetivo, curto e direto”, garantiu Bolsonaro, revelando que o conteúdo foi escrito e corrigido por vários ministros. Na delegação presidencial estão cinco deles: Paulo Guedes (Economia); Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública); Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral da Presidência) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional). Eduardo Bolsonaro, deputado federal reeleito e filho do presidente, também está no grupo.

“Estamos querendo mostrar que o Brasil mudou. O nosso objetivo é apresentar o novo Brasil que chega com o nosso governo.”, concluiu o presidente.

Bolsonaro quer aproveitar sua participação no Fórum Econômico Mundial para atrair investimentos – em especial no agronegócio: “Nós queremos mostrar, é nosso interesse especial, que o Brasil tomou medidas para que o mundo restabeleça confiança, que nós podemos ser um país bom para investimentos, e em especial para o agronegócio, nossas commodities mais caras. Queremos ampliar esse tipo de comércio. Por isso estamos aqui para mostrar que o Brasil mudou”.

Indagado por jornalistas, o presidente da República não quis antecipar encaminhamento do programa de privatizações. “A gente não vai anunciar particularidades no tocante a isso. A agenda está com nosso chefe da economia, Paulo Guedes, está bastante detalhado nesse sentido e ele vai anunciar a partir do momento que tiver certeza que faremos boas privatizações”.

Sem entrevista

Jornalistas de vários países têm questionado a imprensa brasileira sobre o motivo pelo qual o presidente da República, Jair Bolsonaro, não dará a tradicional entrevista coletiva que costumam conceder chefes de Estado e de governo quando participam do Fórum Econômico Mundial.

Ao chegar a seu hotel no vilarejo conhecido por sua estação de esqui, ele evitou a imprensa, entrando pela garagem. Minutos depois, no entanto, desceu ao hall do hotel em que está hospedado e deu uma breve entrevista. A curiosidade em torno do presidente brasileiro é grande, principalmente num contexto em que grandes lideranças mundiais não compareceram ao evento, que reunirá 3 mil pessoas.

A programação oficial conta com um discurso do presidente hoje às 15h30 (12h30 de Brasília), que é bastante aguardado por causa da expectativa de que ele dê algum detalhe sobre o que pretende fazer na reforma da Previdência Social. O grande ponto entre os profissionais da imprensa é se a decisão de Bolsonaro tem relação com a crise envolvendo o seu filho, o deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).