Versão não bate com as datas dos depósitos Sinal em espécie do imóvel de Flávio Bolsonaro foi confirmado pelo comprador, mas aconteceu 3 meses antes

Publicação: 22/01/2019 03:00

No último domingo, o senador eleito Flávio Bolsonaro apresentou sua versão para a origem dos 48 depósitos de R$ 2 mil em sua conta bancária e para o pagamento de um título de R$ 1 milhão da Caixa Econômica. Em entrevista às emissoras Record e RedeTV, o filho do presidente garantiu que toda essa movimentação - revelada pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) está relacionada com negociações de apartamentos.

“Tentam de uma forma muito baixa insinuar que a origem desse dinheiro tem a ver com um ex-assessor meu ou terceiros. Não tem. Explico mais uma vez. Sou empresário, o que ganho na minha empresa é muito mais do que como deputado. Não vivo só do salário de deputado”, afirmou Flávio - sem explicar, entretanto, porque optou por fazer os 48 depósitos com intervalos de minutos. De acordo com o relatório da Coaf, o fracionamento desperta suspeita de ocultação de origem do dinheiro.

Flávio afirma que recebeu dois imóveis e mais R$ 600 mil pela venda de um apartamento no último andar de um prédio nas Laranjeiras, Zona Sul do Rio de Janeiro (no qual havia pago R$ 1,7 milhão), e que parte deste sinal foi paga em espécie e que o próprio senador fez os depósitos em sua conta entre junho e julho de 2017. Ontem, o comprador do imóvel foi localizado pelo Jornal Nacional, da TV Globo, e confirmou a versão de Flávio de que parte do dinheiro foi pago em espécie - mas sem detalhar quanto. “Não posso falar ao certo, porque de repente foi 70, 80...foi 120, 110 [mil reais], mas a média foi isso aí”, afirmou Fábio Guerra.

Entretanto, a equipe de reportagem da TV Globo revelou que, de acordo com a escritura, o pagamento de R$ 550 mil aconteceu três meses antes das operações consideradas atípicas pelo Coaf. Os outros R$ 50 mil foram pagos em agosto, em cheques no ato da escritura.