Grupos de oposição não se entendem na Câmara Apesar de se colocarem contrários à gestão do Recife, blocos têm linhas ideológicas muito diferentes

Cláudia Eloi
claudia.eloi@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 16/02/2019 03:00

Na Câmara de Vereadores do Recife, a atuação da oposição está sendo exercida curiosamente por dois blocos distintos. Um deles, o maior, liderado pelo vereador Renato Antunes (PSC), se autodefine ideologicamente de centro-direita. O segundo, formado pelos vereadores Jayme Asfora (sem partido), Ivan Moraes (PSol) e Rinaldo Júnior (PRB), declara-se como progressista. O bloco menor chegou a pedir para atuar de maneira unificada, mas a entrada de seus integrantes foi “barrada” pelo primeiro grupo composto pelo PSC/PRTB/PSL/PTB/PSDB.

De acordo com o vereador Jayme Asfora, de maneira equivocada, a questão ideológica impediu a formação de um bloco único e uma atuação ampliada da oposição. “Trocamos algumas ideias, mas para nossa surpresa, na reabertura dos trabalhos da Câmara, o bloco deles já estava formado. Não sentimos receptividade nem interesse para participamos coletivamente. Acredito que essa divisão aconteceu por termos posições ideológicas mais progressivas. Somos contra a Escola sem partido e a posse de arma, por exemplo. A pauta deles é de costume, conservadora”, comentou.

Para Jayme, é um equívoco a separação do grupo. Ele entende que o bloco poderia trabalhar de maneira harmônica, focando nas questões do Recife e nas pautas nacionais. Onde há a divergência de pensamento, os vereadores poderiam ser liberados para se posicionar e votar de acordo com seus princípios e consciência.

“Um bloco quando se divide por questões partidárias não é racional. Acho que a oposição unida, formado por um bloco suprapartidário, atuaria de maneira mais eficaz na fiscalização das ações e falhas da Prefeitura do Recife”, argumentou o vereador.

PANOS MORNOS
Procurado pela reportagem, Renato Antunes evitou polemizar o assunto. “Vamos dialogar e conversar com eles. O bloco é de partido e não de vereador. Jayme, inclusive, está sem partido oficialmente, mas não vejo problema em a gente conversar para fiscalizarmos juntos (a Prefeitura do Recife)”, afirmou.

Para mostrar que não há isolamento algum da parte deles em relação ao outro bloco de oposição, Renato Antunes citou a indicação do vereador Ivan Moraes para a comissão especial de avaliação do Plano Diretor da cidade. “Poderíamos ter reivindicado a vaga, mas entendemos que o vereador Ivan Moraes, por desenvolver uma atuação nessa área, era o parlamentar mais indicado. Não há isolamento”, afirmou o legislador.