Frente a frente com Trump De Venezuela a assuntos econômicos, encontro entre Jair Bolsonaro e o presidente dos Estados Unidos tem potencial para trazer ganhos ao Brasil

Publicação: 19/03/2019 03:00

Nos Estados Unidos deste domingo, na sua primeira viagem bilateral de caráter oficial, o presidente Jair Bolsonaro terá um encontro com o norte-americano, Donald Trump. O Itamaraty estima que a conversa entre os dois presidentes no Salão Oval da Casa Branca, hoje, dure cerca de uma hora.

Durante a visita, que o governo encara como oportunidade de superar o que chama de “preconceitos ideológicos que impediram no passado o aproveitamento pleno do potencial da relação”, Bolsonaro pretende tomar iniciativas políticas com as quais espera obter retornos econômicos. Em uma delas, levanta — de forma unilateral — a possibilidade de suspender a necessidade de visto para a entrada de visitantes norte-americanos no Brasil. Com isso, o Planalto pretende aumentar o número de turistas norte-americanos no país.

A principal mensagem do presidente brasileiro para Trump, de acordo com o Itamaraty, será que “Brasil e Estados Unidos possuem afinidades de valores e de interesses que devem ser transformados em ampliação do comércio e dos investimentos e no fortalecimento da cooperação em áreas como ciência, tecnologia e inovação, energia, defesa, segurança, além de temas regionais e globais”.

Bolsonaro assinará o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas, que dá permissão aos EUA para utilizar a base de lançamento de foguetes de Alcântara, no Maranhão, em negociação há cerca de 20 anos. Está previsto ainda o anúncio do Brasil como um aliado extra da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) dos EUA, status com o qual o governo brasileiro pretende ter acesso à tecnologia militar.

O ex-embaixador do Brasil nos EUA Rubens Barbosa considera esse acordo como o ponto mais importante da agenda de anúncios previstos pelo governo. “Com essa parceria, o Brasil passa a aceitar uma série de princípios que garantem a propriedade intelectual, ou seja, segredos tecnológicos, de empresas que vão utilizar a base de Alcântara para lançar seus satélites, colocando o Brasil em um mercado em expansão”, avalia.

A comitiva de Bolsonaro não conta com a tradicional presença de empresários brasileiros, costume em viagens internacionais. Para o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, apesar desse esvaziamento, a visita é importante. “Há perspectivas de ampliação de mercados para produtos manufaturados nacionais e de negociações para que o Brasil não seja alvo de novas sobretaxas norte-americanas. Mas o comércio externo brasileiro depende mais de mudanças internas, como as reformas da Previdência e tributária, para ser ampliado”, pondera. O presidente Bolsonaro também tem a intenção de anunciar, durante a visita, a retomada do Fórum de CEOs entre os dois países.

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Pesquisa telefônica do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) realizada por encomenda da corretora XP Investimentos detectou aumento da desaprovação ao governo de Jair Bolsonaro (PSL) entre fevereiro e março, além de oscilação negativa na taxa de aprovação.

A parcela da população que considera o governo ruim ou péssimo subiu de 17% para 24%, enquanto a que avalia a gestão como boa ou ótima passou de 40% para 37% - nesse caso, variação dentro da margem de erro da pesquisa, de três pontos porcentuais.

A parcela que considera o governo Bolsonaro regular é de 32% - mesmo resultado do levantamento anterior. O saldo - diferença entre a avaliação positiva e a negativa - caiu de 23 para 13 pontos porcentuais. O Ipespe fez mil entrevistas por telefone, em todo o país, entre os dias 11 e 13 de março.

A pesquisa também mostra deterioração nas expectativas em relação ao restante do mandato do presidente. Desde janeiro, quando ele assumiu o Palácio do Planalto, a taxa dos que esperam que o governo chegue ao final como ótimo ou bom passou de 63% (em janeiro) para 60% (em fevereiro), e agora chegou a 54%. (Correio Braziliense e Agência Estado)