DIARIO POLíTICO » A nova corrida

por Marisa Gibson

Publicação: 25/05/2019 03:00

O Plano de Desenvolvimento do Nordeste é inicialmente um instrumento de vigência imediata de 2020 a 2023, como foi anunciado na Sudene e, nesse período, acontecem  duas eleições: a de 2020, para prefeitos e vereadores, e a de 2022, para presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e estaduais. Começa, portanto, uma nova corrida, no Nordeste, que pode contribuir para melhorar a performance eleitoral de Bolsonaro ou para aprofundar a sua rejeição na Região, dependendo do sucesso ou fracasso desse plano. Esperadas com ansiedade por setores que apostam nesse governo para livrar o Nordeste do feitiço populista  do ex-presidente Lula, as ações anunciadas na Sudene chegaram num dia de más notícias. A pesquisa XP/Ipespe aponta que, pela primeira vez, a avaliação negativa do governo ultrapassou a opinião positiva. Bem, de Curitiba, onde está preso, Lula articula a formação de uma frente ampla de esquerda para enfrentar Bolsonaro e, no Nordeste, os nove governadores  - todos lulistas - endossam, em tese, a ideia do ex-presidente e, claro, vão cobrar, dia a dia, as promessas de Bolsonaro para a Região. A primeira resposta virá em 2020, com as eleições nos municípios, cujos prefeitos andam indóceis à espera de um novo pacto federativo. A segunda virá em 2022 e envolverá uma eventual candidatura de Bolsonaro à reeleição. O Nordeste, como se sabe, ajuda a eleger e a derrotar. Agora, o maior problema de Bolsonaro não é exatamente o Nordeste, mas o seu próprio governo que depende da boa vontade do Congresso para aprovar as reformas prometidas, a começar pela Previdência.

Os sucessores
Nas disputas de 2020 e de 2022, o prefeito Geraldo Julio e o governador Paulo Câmara, ambos do PSB,  não concorrerão, respectivamente à reeleição, mas se  Pernambuco florescer à sombra do Bolsonaro, os dois socialistas vão ter que redobrar seus esforços para eleger os sucessores e para manter o PSB no poder.

Petrolina
Fernando Bezerra Coelho (MDB), líder do governo no Senado, cumpriu o que prometeu: ofereceu a Bolsonaro uma recepção calorosa em Petrolina, município comandado por Miguel Coelho,  e que tem recebido uma atenção redobrada do governo federal. A reeleição de Miguel, em 2020, é considerada fundamental para o projeto político não só do grupo Bezerra Coelho, mas das forças de oposição no estado.

Espanto geral
“Paulo, vem aqui dar um abraço hétero”. Assim o presidente Bolsonaro se despediu, em Petrolina, do governador. Encabulado e com um sorriso amarelo, Paulo Câmara foi e deu o abraço solicitado.

Ciro, o PDT e Lula
A visita do presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, na quinta-feira, ao ex-presidente Lula, que trabalha uma frente ampla de esquerda para enfrentar Bolsonaro, coloca Ciro Gomes (PDT) diante de um novo desafio. Em  2018, Ciro teve sua candidatura a presidente esvaziada por Lula, que levou o PSB a apoiar o petista Fernando Haddad. Ciro rompeu com Lula e, agora, o PT começa a cobrar a participação do pedetista no movimento articulado por Lula.

No Recife
Bem, nesta segunda-feira, Ciro faz palestra na Universidade Católica de Pernambuco sobre os primeiros meses do Governo Bolsonaro e as perspectivas de futuro para o Brasil. Nesse contexto poderá falar de sua relação política com Lula e com o PT. O evento no Recife terá a participação do deputado federal Túlio Gadêlha (PDT) e do cientista político Thales Castro. Na programação não consta a presença do deputado federal Wolney Queiroz, presidente estadual do PDT.

Ele voltou
Márcio Stefanni, ex-secretário estadual da Fazenda, do Planejamento e do Turismo, no primeiro mandato de Paulo Câmara, retorna à equipe governamental para comandar o Pró-Rural (Programa Estadual de Apoio ao Pequeno Produtor Rural), órgão vinculado à Secretaria estadual de Agricultura e Reforma Agrária. No Pró-Rural, Stefanni terá a missão de tocar o projeto Pernambuco Rural Sustentável, financiado pelo Banco Mundial.