FOGO CRUZADO » Usina nuclear em Itacuruba é "fake"

Inaldo Sampaio
inaldo@inaldosampaio.com.br

Publicação: 19/06/2019 03:00

Uma falsa notícia de que o município sertanejo de Itacuruba está na iminência de sediar uma usina nuclear do Ministério de Minas e Energia assustou deputados de vários partidos, políticos do Sertão de Itaparica e até o arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, que chamou à Cúria Metropolitana o bispo de Floresta e outros religiosos da região para registrar o protesto dos católicos contra o empreendimento. Trata-se de uma legítima “fake news”, porque não tem amparo na realidade. De fato, cogitou-se há cerca de uma década a construção de uma usina nuclear no Sertão pernambucano para reforçar nossa matriz energética quando ainda não tínhamos parques eólicos espalhados por todo o estado. E Itacuruba foi indicada como município ideal por causa da qualidade do seu solo e de sua proximidade com o rio São Francisco. Hoje, porém, acreditar que essa usina vá sair do papel equivale a acreditar também em saci pererê. Ora, se temos no Rio de Janeiro uma usina nuclear (Angra Três) parada há vários anos por falta de recursos, que já levou à prisão o almirante que a presidia (Othon Pinheiro da Silva) e o ex-presidente Michel Temer, que já consumiu R$ 8 bilhões dos 20 bi em que está orçada, e que se encontra com apenas 61% de suas obras concluídas, como levar a sério essa notícia de Itacuruba? Se for por causa dela, tanto o arcebispo como o bispo de Floresta, dom Gabriel Marchesi, podem dormir tranquilos porque essa usina jamais virá para Pernambuco.
 
O intelectual e o político
Com a posse de Antônio Campos na presidência da Fundaj, entrou o intelectual e saiu o político. Embora ele tenha sido indicado pelo senador Fernando Bezerra Coelho (MDB), não é o neto de Arraes e nem o irmão de Eduardo Campos que está à frente da Fundação e sim, como ele próprio disse, o filho de Maximiano e o sobrinho de Renato Carneiro Campos, ambos intelectuais.

Lembrando Drummond
Por sua formação política, Antônio Campos não tem nada a ver com o ministro Abraham Weintraub, que assumiu o MEC falando em combater o “marxismo cultural” nas universidades. De certa forma, “Tonca” lembra o poeta Carlos Drummond de Andrade, que mesmo pertencendo ao PCB foi chefe de gabinete do MEC na ditadura Vargas só para servir ao ministro Gustavo Capanema, seu amigo.

O dinheiro existe
O deputado Alberto Feitosa (SD) afirma que o valor de 0,4% da Receita Corrente Líquida para as emendas parlamentares impositivas foi fixado após entendimento com o próprio governo do estado. E diz que os recursos para bancar essa despesa existem porque muito mais que isto o governo gasta com propaganda. Hoje, a “imposição” está em vigor mas o governo não a cumpre.

Caixa-preta do BNDES
Gustavo Montezano assumiu a presidência do BNDES com uma missão que lhe foi atribuída pelo presidente Bolsonaro: abrir a “caixa-preta” da instituição para que o Brasil saiba quanto foi emprestado a Cuba e a Venezuela. O pernambucano que o presidiu no governo Dilma, Luciano Coutinho, negou-se a divulgar esses dados porque eles contêm “cláusulas de confidencialidade”.

Uma reforma para o PSB?
Danilo Cabral e Tadeu Alencar, ambos do PSB-PE, reconhecem “avanços” no parecer do relator Samuel Moreira (PSDB-SP) sobre a reforma previdenciária. Mas se negam a votar a favor do projeto porque o partido “fechou questão” contra. Pelo jeito, o PSB deseja uma reforma só com as teses do partido, e não como vontade coletiva da maioria dos congressistas, como se faz nas democracias.

Capitão contra general
Muita gente no governo Bolsonaro não acreditava que o “capitão” tivesse coragem de demitir os generais que faziam parte de sua equipe, mas nos últimos 5 dias ele demitiu logo dois: Carlos Alberto Santos Cruz (ministro da Secretaria do Governo) e Juarez Aparecido (presidente dos Correios). Este último recebeu o “bilhete azul” na última 6ª feira, mas até ontem se recusava a sair do cargo.

E tome homenagens!
Desde que o ex-vereador Marco Aurélio (PRTB) homenageou o vice-presidente Hamilton Mourão com o título de “cidadão recifense”, o general não para de receber honrarias. De lá para cá ele recebeu o título de “Cidadão Emérito” de Porto Alegre e a Medalha Pedro Ernesto da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Isso está deixando, de novo, os bolsonaristas enciumados.