Chaves secretas com a Lava-Jato Operação de ontem prendeu genro de Emilio Odebrecht, que estava de posse de chaves criptografadas que podem conter dados da propina da empresa

Publicação: 22/08/2019 03:00

Na 63ª fase da Lava Jato, a Polícia Federal mirou ontem ex-executivos da Odebrecht desafetos do antigo chefe da empreiteira e considerados estratégicos para a descoberta de esquemas de propina ainda desconhecidos. Baseada em suspeitas de pagamentos destinados ao PT por meio dos ex-ministros Antonio Palocci e Guido Mantega, que comandaram a Fazenda nos governos petistas de Lula e de Dilma Rousseff, a operação prendeu Maurício Ferro, que foi diretor jurídico da Odebrecht, mas que, diferentemente dos principais executivos da construtora, não firmou delação premiada.
 
Genro de Emilio Odebrecht, Ferro já havia sido acusado pelo cunhado Marcelo Odebrecht de manipulação para se proteger das acusações.

Na casa dele, a polícia afirma ter encontrado quatro chaves de criptografia para acessar informações que podem ser inéditas e relacionadas ao setor de propinas da Odebrecht. “Era algo que a Lava-Jato vinha buscando há anos”, afirmou Thiago Giavarotti, delegado da Polícia Federal. “Havia um receio de que, se não houvesse a prisão dessas pessoas e se não fossem encontradas essas chaves, elas poderiam desaparecer”, disse Antonio Carlos Welter, procurador da força-tarefa, em relação aos pedidos de prisão temporária, com prazo inicial de cinco dias.
 
A força-tarefa diz que houve repasses do grupo Odebrecht ao PT, por meio dos ex-ministros, relacionados à edição das medidas provisórias 470 e 472, que instituíram refinanciamento de dívidas fiscais que beneficiaram empresas do grupo. O Ministério Público Federal afirma que Mantega recebeu R$ 50 milhões.
 
A Lava-Jato também cumpriu mandado de prisão contra Nilton Serson, ex-executivo da construtora, ligado a Maurício Ferro e que estava em viagem nos Estados Unidos –mas ele ainda não era considerado foragido.
 
A Lava-Jato pediu a prisão de Guido Mantega, mas ela foi negada pela Justiça, que determinou, porém, a colocação de tornozeleira eletrônica. Já Antonio Palocci fechou acordo de delação premiada com a PF. A força-tarefa está sob pressão há mais de dois meses devido à divulgação de mensagens trocadas entre procuradores, obtidas pelo site The Intercept Brasil. (Folhapress)