DIARIO POLÍTICO » Combo da discórdia

por Marisa Gibson

Publicação: 14/08/2019 03:00

É possível, sim, que o “o combo” que o governo está propondo - vote na capitalização e ganhe a inclusão de estados e municípios na reforma da Previdência - como define o deputado federal Danilo Cabral (PSB), aprofunde as divergências entre os  governadores nordestinos e  Bolsonaro. Hoje, o presidente está sendo aguardado no Piauí, para a inauguração de um colégio militar na cidade de Parnaíba e a informação inicial era a de que Bolsonaro seria recebido pelo governador Wellington Dias, do PT, o que não foi confirmado nem negado pela sua assessoria. Bem, se fizer as honras da casa, Wellington será o primeiro petista a receber o presidente, indo na direção contrária de Rui Costa (PT), governador da Bahia, que se recusou a recepcionar o presidente, quando foi àquele estado inaugurar o aeroporto Glauber Rocha, em Vitória da Conquista. A visita ao Piauí é a terceira que Bolsonaro faz ao Nordeste depois da polêmica dos “paraíbas” e da ameaça de retaliação financeira a seus opositores na Região. Aparentemente, no entanto, já se caminhava para uma convivência mais amena, ainda que apenas institucional, mas aí o Palácio do Planalto ressuscitou a discussão sobre o sistema de capitalização da Previdência, abrindo espaço para um recrudescimento. O deputado Danilo Cabral, que se recupera de uma cirurgia e está de licença médica, adverte que a proposta será rejeitada pela Câmara Federal e não contará com apoio dos governadores. “Estes já haviam dito, desde o início do debate da reforma da Previdência, que a capitalização seria um ponto inegociável”, comentou.

Nepotismo  
Sondado pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores, Nelsinho Trad, como votaria em relação à indicação de Eduardo Bolsonaro para embaixador do Brasil nos EUA, o senador Jarbas Vasconcelos (MDB), membro titular da comissão, foi enfático: “Voto contra porque sou contra o nepotismo. Sempre condenei esse tipo de prática a minha vida inteira e não iria mudar agora”.
 
Paulo e Geraldo
Diferenças à parte, o governador Paulo Câmara e o prefeito do Recife Geraldo Julio trabalham em sintonia para preservar o projeto de poder do PSB, sem deixar espaço para a oposição. Embora tenham muitos nomes para a Prefeitura do Recife, os partidos oposicionistas não têm nenhum arrasa-quarteirão para enfrentar a força de duas máquinas públicas poderosas.
 
Passaporte
A vez agora é de Geraldo, que tem a obrigação de  eleger o sucessor, seja o candidato o deputado federal João Campos ou não. É o seu  passaporte para o Palácio das Princesas em 2022 e, de certa forma,  garantirá também uma eventual eleição de Paulo para o Senado ou Câmara. Sem a Prefeitura do Recife, fica difícil.
 
Estratégia
Por enquanto, a  oposição repete a estratégia das eleições do ano passado, e o objetivo do grupo - conquistar a Prefeitura do Recife - serve mais para dividir do que para uni-los.
 
Por dentro
O secretário estadual do Trabalho, Emprego e Qualificação, Alberes Lopes, participou ontem de evento em Brasília, ao lado de seis ex-ministros do Trabalho - Jaques Wagner, Caio Vieira de Mello, Miguel Rossetto, Ricardo Berzoini, Antônio Rogério Magri e Carlos Lupi - sobre a  “Desregulamentação e Trabalho no Brasil”.
 
Polêmica
A reunião da CCLJ da Assembleia Legislativa, ontem, foi marcada por um intenso debate sobre o projeto de lei, de autoria de Wanderson Florêncio (PSC), que obriga as escolas das redes públicas e privadas a possuir e disponibilizar pelo menos uma cadeira de rodas para a alunos com deficiência ou com mobilidade reduzida.
 
Sem cadeiras
Houve quem sugerisse que a lei vigorasse só para instituições privadas, outros que os deputados destinassem parte das emendas parlamentares para a compra dos equipamentos, mas que as escolas públicas também tivessem a obrigatoriedade. Sem consenso, o projeto foi retirado de pauta após pedido de vista.