Petrolina terá disputa decisiva para a oposição Embate eleitoral de 2020 no município deve influenciar corrida para o governo dois anos mais tarde

Divane Carvalho
Especial para o Diario
divane.carvalho@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 17/08/2019 03:00

A eleição para prefeito de Petrolina, no próximo ano, será uma das disputas mais importantes para os partidos de oposição que precisam reeleger o prefeito Miguel Coelho (sem partido) para continuarem no comando da maior cidade do Sertão do São Francisco. E, consequentemente, reforçarem o projeto 2022, para disputar o governo de Pernambuco.

Faltando um ano e dois meses para as eleições municipais, pelo menos seis pré-candidatos já começaram a se movimentar. E, dependendo do andar da carruagem, outros podem surgir porque com a possibilidade de um segundo turno, os oposicionistas acreditam que, quanto mais candidatos, melhor.

O adversário que terão pela frente é da família Coelho que, como se sabe, tem grande poder político no município e em toda a região. Os Coelho são tão fortes que dão nome ao aeroporto da cidade, a uma escola, a um parque, a um bairro, a ruas e a avenidas. E o atual prefeito, além de ser o herdeiro que assumiu o espólio político de décadas de domínio no município, o pai dele, Fernando Bezerra Coelho (MDB), é senador e líder do governo Bolsonaro no Senado; um irmão, Fernando Filho, é deputado federal (DEM) e o outro irmão, Antônio Coelho, é deputado estadual (DEM).

Um dos pré-candidatos a prefeito de Petrolina é o deputado estadual Lucas Ramos (PSB), 33 anos. Ele diz que tem idade e perfil para administrar a cidade “que já mostrou que deseja cara nova quando elegeu Miguel, com 27 anos, em 2016. E Petrolina sempre elegeu candidatos jovens e sempre foi independente”. Ele afirmou que vai disputar a eleição porque desde 2000 o PSB  teve candidatura própria e não faz sentido não disputar em 2020 “depois que reelegemos o governador de Pernambuco e 70 prefeitos”.

Odacy Amorim (PT) também quer ser prefeito de Petrolina e começou a trabalhar para construir um leque de alianças. E não só com o PSB,  também com o PSOL. Desde já ele anuncia: “Acho que se for do interesse do deputado Lucas, gostaria de um entendimento com o PSB no 1º turno. Juntos poderemos derrubar os Coelho”. Ele  acha que se deve levar em consideração que, na eleição presidencial, Fernando Haddad teve 70% dos votos em Petrolina e é possível que a campanha seja nacionalizada “já que Miguel  Coelho é um bolsonarista meio envergonhado”.

Ex-prefeito de Petrolina, o médico Júlio Lóssio (PSD) acha cedo para tratar de eleição e citando o ex-senador Marco Maciel diz que “quem tem tempo não precisa ter pressa”. Mesmo assim, admite que já está se movimentando para entrar na disputa e revela que fez uma boa administração:  “Modéstia à parte, tivemos avanços importantes na nossa gestão na Educação e na melhoria da cobertura infantil. Infelizmente, o município regrediu nos índices de avaliação da educação  além do fechamento de creches  e redução do tempo integral de muitas unidades.”

A possibilidade de segundo turno para ele pode complicar para quem está no poder: “O segundo turno é outra eleição. Por enquanto, vamos observando os movimentos e na hora certa colocaremos os números que não mentem jamais”. Dois outros nomes são apontados com pré-candidatos: o vereador Gabriel Menezes (PSL), que disputou uma vaga de deputado, e Lucinha Mota da Silva, que também foi candidata a estadual em 2018. Ambos perderam.

Gabriel Menezes não se diz contra a família Coelho, mas  tem se posicionado contrário aos Bezerra Coelho: “Petrolina deve muito à família Coelho, a Nilo, Osvaldo, Geraldo, as pessoas sentem saudades deles, mas não se sentem representadas pelo grupo do senador Bezerra Coelho”. Lucinha Mota da Silva é mais conhecida por ser mãe de Beatriz Angélica Mota, que morreu em 2015 no colégio Maria Auxiliadora, quando tinha 7 anos, e a polícia até agora não descobriu os responsáveis  pela morte da criança.