Sem dinheiro, governo "tenta sobreviver" Presidente Bolsonaro afirmou que ministros estão apavorados e que a gestão está "fazendo milagre"

Publicação: 17/08/2019 03:00

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou na manhã de ontem que o Brasil está sem dinheiro e que seu governo está fazendo um milagre para sobrevivência do país. “O Brasil inteiro está sem dinheiro. Em casa que falta pão, todos brigam e ninguém tem razão. Os ministros estão apavorados. Estamos aqui tentando sobreviver no corrente ano. Não tem dinheiro e eu já sabia disso. Estamos fazendo milagre, conversando com a equipe econômica. A gente está vendo o que a gente pode fazer para sobreviver”, afirmou no Palácio do Planalto após cerimônia em comemoração ao Dia Internacional da Juventude.

A declaração foi feita em resposta a uma pergunta sobre a possibilidade de o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico ficar sem recursos este ano. Conforme publicou o jornal Folha de S.Paulo, o governo passa por uma compressão sem precedentes no Orçamento federal, ameaçando a paralisia de programas de ministérios nos próximos meses por falta de dinheiro.

Na quinta-feira, o CNPq anunciou a suspensão de aproximadamente 4,5 mil bolsas de iniciação científica, mestrado e doutorado que seriam distribuídas às universidades. Como exemplo de paralisia, o presidente disse ainda que o Exército deve reduzir sua carga horária devido à falta de recursos para alimentação. “O Exército vai entrar em meio expediente. Não tem comida para o recruta, que é filho de pobre. Essa situação em que nos encontramos é grave, não é maldade da minha parte, não tem dinheiro. Só isso”, afirmou.

Questionado sobre formas de melhorar a arrecadação, Bolsonaro disse que o plano é dar continuidade às ações governamentais. “O que estamos fazendo há algum tempo, a MP da liberdade econômica. Lá atrás o Temer já mexeu na CLT, se não tivesse mexido estaria pior o Brasil ainda. (Vamos melhorar) privatizando, (fazendo) concessões, o Estado atrapalhando o menos possível”, disse.

Segundo ele, além de buscar novas formas de receita, o governo também tem cortado gastos. “Os ministérios, apesar de não terem dinheiro, o que está previsto gastar estamos cortando também. Muita consultoria cortada, projetos absurdos que tinham no passado. Fazendo um milagre, fazendo o impossível para sobreviver.”

O governo iniciou 2019 com um montante previsto de R$ 129 bilhões em despesas discricionárias. Porém, o fraco desempenho da economia e a frustração na arrecadação de tributos levou a bloqueios de R$ 33 bilhões nos ministérios. Com isso, o valor disponível em gastos não obrigatórios caiu para aproximadamente R$ 97 bilhões, patamar considerado baixo. Efeitos da limitação de verbas que atingiu a maior parte dos órgãos do governo já começam a ser observados na prática. Em meio às dificuldades fiscais, a equipe técnica do Ministério da Economia trabalha na finalização da proposta para o Orçamento de 2020. O primeiro orçamento elaborado sob a gestão Bolsonaro tende a ser ainda mais apertado que o deste ano. (Folhapress)