FOGO CRUZADO » A reforma que desune a federação brasileira

por Inaldo Sampaio

Publicação: 14/09/2019 03:00

Com licença do ex-presidente Lula, nunca, antes, na história deste país, se discutiu tanto a reforma tributária, dentro e fora do parlamento, como está se discutindo agora. Há vários projetos em tramitação e um desejo sincero por parte dos congressistas de aprovar rapidamente essa reforma, aproveitando a repercussão positiva da reforma previdenciária. O danado é que esta reforma corre o risco de não sair devido à falta de consenso entre a União, os estados e os municípios. Ademais, há pelo menos três projetos em exame e isto dificulta até o debate. Um de autoria do deputado Baleia Rossi, inspirado em teses defendidas pelo economista Bernardo Appy, outro defendido pelos secretários estaduais da Fazenda, e um terceiro que ainda será enviado ao Congresso pelo presidente da República. Uma coisa, no entanto, parece definida: nenhum dos três prevê a redução da carga tributária. Eles sugerem, no máximo, a simplificação do nosso sistema tributário, que é talvez o mais caótico do mundo. Ainda assim, não será fácil aprovar uma PEC que concilie, na repartição do bolo, o interesse de São Paulo com o dos 9 estados nordestinos.

Partido da “boquinha”
Garotinho (RJ) definiu certa vez o PT como o “partido da boquinha”. Talvez tenha sido injusto, talvez não. Mas no caso de PE, por exemplo, após ter aderido ao governo Paulo Câmara, o PT foi aquinhoado com a Secretaria de Agricultura (Dilson Peixoto), a presidência do IPA (Odacy Amorim) e a direção da EPTI (Marília Bezerra).

Gleisi de novo
Sob as bênçãos de Lula, que viu nela qualidades que o ambiente externo não consegue enxergar,  Gleisi Hoffmann (PR) será reconduzida à presidência nacional do PT na convenção nacional de novembro. O ex-presidente bem que poderia indicar um nome que não esteja envolvido na Lava Jato, o que será bom para ele e para o partido.

Falta árbitro
São muitos os grupos municipais do interior que disputam o controle local do PSL sem que o partido tenha designado até agora quem deve fazer essa arbitragem. Os interessados pouco se preocupam com o desgaste do governo. Querem é o controle do “partido do presidente”  que poderá ser importante na eleição do próximo ano.

Lavagem de roupa
A “guerra” nos corredores da Receita pelo cargo que pertencia a Marcos Cintra virou uma verdadeira lavagem de roupa suja. São uns “queimando” outros por manchas contidas no currículo, sendo que tudo é enviado para o presidente Bolsonaro por meio das redes sociais. Como o presidente adora “fofoca”, deve estar adorando.

Origem no Exército
Este filme foi visto em Pernambuco em 1986, quando Arraes ganhou para governador. Nesse tempo não havia redes sociais.  Ele sentiu-se na obrigação de convidar um general para a SSP (Evilásio Gondim) e um coronel do Exército para comandar a PM (Fernando Pessoa) porque o pessoal da Casa havia “queimado” uns aos outros.

Expert em enganação
Sílvio Costa Filho (PRB) está acreditando na retomada das obras da Transnordestina, paradas desde 2016, dizendo que sua conclusão é uma promessa dos ministros Paulo Guedes (Economia) e Tarcísio Freitas (Infraestrutura). Talvez não saiba que o consórcio que ganhou a licitação vem enganando o governo há mais de uma década.

Agora vai?
O PV de Pernambuco já teve vários presidentes desde a sua fundação e nenhum deles ficou muito tempo no cargo. O novo, Jorge Carreiro, que é engenheiro civil e vice-prefeito de Paulista, talvez dê certo porque é apaixonado por política. Mas não custa lembrar que já passou por vários partidos, entre eles o PSDB e o PCdoB.