Brasil fará discurso de "esclarecimento"

Publicação: 23/09/2019 03:00

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou que o Brasil quer transmitir para a comunidade internacional um esclarecimento sobre o que de fato está acontecendo no território brasileiro na questão ambiental - em especial na Amazônia - e exaltar as oportunidades de investimento no país. Ele está nos Estados Unidos desde quinta-feira, onde tem se reunido com investidores e autoridades locais.

A presença do ministro coincide com a greve do clima, que mobilizou milhões de jovens em 130 países na sexta, e permeia o período da cúpula global de mudanças climáticas, na segunda, e da Assembleia Geral das Nações Unidas, na terça-feira. Em ambas as ocasiões, o governo brasileiro vai procurar rebater as críticas que têm recebido.

Durante a semana, diplomatas ouvidos reservadamente pela reportagem na ONU demonstraram preocupação com o que consideram um possível retrocesso na política ambiental brasileira.

“(Queremos) Desmistificar essa falsa ideia de que houve um desmonte do sistema ambiental, de que houve flexibilização da legislação ou da fiscalização, de que o Brasil não se importa com meio ambiente. Não é verdade. Temos que esclarecer tudo isso para que essas mentiras ou desinformações não continuem a ser repetidas”, afirmou.

O ministro disse ainda que é preciso mostrar o potencial de investimentos ambientais no país em áreas como créditos de carbono e pagamentos por serviços ambientais. “Há uma gama enorme de oportunidades e o Brasil é o principal canal privilegiado para receber esses recursos”, afirmou Salles, que também já foi secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo no governo Geraldo Alckmin (PSDB).

Em reportagem recente, o jornal britânico Financial Times afirmou que o Brasil ficou de fora da cúpula do clima por não ter mostrado interesse, assim como Austrália, Arábia Saudita e Estados Unidos. Antônio Guterres, secretário-geral da ONU, tem defendido que os países deveriam apresentar, nesta cúpula, ações e não discursos. Sobre a questão, Salles disse que, se abrirem uma oportunidade para o Brasil falar, está pronto para apresentar suas colocações.

O presidente Jair Bolsonaro decidiu convidar uma representante indígena para compor a comitiva que o acompanhará em Nova York. Ysani Kalapalo, moradora de aldeia no Parque Indígena do Xingu, é pró-Bolsonaro e defende o discurso do governo de que há notícias falsas sobre a abrangência do desmatamento e queimada na Amazônia. Ainda não se sabe se ela aceitará o convite. (Das agências)