Valorizando a bandeira da democracia no país Tema voltou a ser discutido fortemente após a eleição presidencial de Jair Bolsonaro no ano passado

DIVANE CARVALHO
ESPECIAL PARA O DIARIO
divane.carvalho@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 14/09/2019 03:00

O Dia Internacional da Democracia é comemorado neste domingo e apesar de ter sido criado há 12 anos, pela Organização das Nações Unidas (OEA), pouco se falava da data no Brasil. Até o presidente Jair Bolsonaro chegar ao Palácio do Planalto. Aí democracia virou o tema da moda, com políticos, militares que estão em cargos no governo federal e especialistas falando da sua importância e necessidade de preservá-la. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até promove mobilização nas redes sociais para comemorar o Dia Internacional da Democracia, publicando posts e vídeos com a hastag #DemocraciaTodoDia, convidando cidadãos, instituições públicas e privadas, as organizações não governamentais e todos os setores que se identifiquem com o tema.

Para o cientista político  Adriano Oliveira, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), está se falando muito em democracia porque existe uma sugestão, desde a eleição, de que Bolsonaro ameaça a democracia.

“Primeiro, ele disse que, se não ganhasse a eleição, a eleição não valeria. Recentemente, existiu a declaração do seu filho dizendo que é impossível fazer reformas com democracia. É importante salientar que isso só pode ser verbalizações, não significa que Bolsonaro esteja defendendo uma ditadura, que ele queira uma ditadura, que seus partidários estejam defendendo uma ditadura. Mas são sinais que precisam ser avaliados pela sociedade civil, imprensa, militares e instituições. Falar em democracia é extremamente necessário para alertar à esquerda e à direita de que só o regime democrático pode conduzir o país para superação da crise e para o desenvolvimento”, ressalta.

Já o cientista social Túlio Velho Barreto, da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), não acha que se esteja falando mais de democracia atualmente do que no passado no Brasil e no mundo.

“O governo do ex-capitão do Exército Jair Bolsonaro e do general Hamilton Mourão representa uma real ameaça à democracia. E observamos isso no dia a dia com as medidas adotadas ou impostas e as ações entabuladas por eles. Governo que é amplamente militarizado, o que nos faz responsabilizar mesmo, novamente, as Forças Armadas pelo que possa ocorrer no país daqui para frente. Aliás, também em relação ao que já está acontecendo”, diz o pesquisador.

Por sua vez, o jurista José Paulo Cavalcanti  diz que o hábito de comemorar datas marca o espírito romântico que está entranhado na alma do povo brasileiro. “Tem dia para tudo. Do gari, do frevo, do farmacêutico, do amigo, por que não da democracia? O que, a rigor, não quer dizer nada. Uma democracia só será responsável quando a maioria do povo tiver condição de ser cidadão. Por isso penso que nada é mais urgente, no Brasil, e para além das bravatas que são vistas em declarações retóricas, nada mais transformador, urgente e revolucionário, que educação popular. Aí começaremos, verdadeiramente, a ser um país democrático”.