DIARIO POLÍTICO » O PSL e o PT

por Marisa Gibson

Publicação: 19/10/2019 03:00

Partidos que levaram o país a grandes rupturas políticas com a eleição de Bolsonaro, ex-capitão do Exército, e de Lula, ex-metalúrgico, para a Presidência da República, o PSL e PT tão logo chegaram ao poder iniciaram um processo de autodestruição por interesses de grupos, projetos individuais, oportunismo e fisiologismo sob uma duvidosa moldura de transparência e ética. Neste fim de semana, o PSL continua em clima de alta combustão, com farpas, acusações e desaforos, expondo o presidente Bolsonaro a um nível de desgaste impressionante, enquanto os petistas realizam congressos para renovação das executivas estaduais tendo como bandeira  o Lula Livre. Os dois partidos têm em mente as eleições municipais de 2020, que serão a base para as sucessões estaduais e presidencial de 2022. Em entrevista ao UOL, Lula descartou eventuais candidaturas, acenando com o desejo de ser cabo eleitoral, para fazer campanha pelo país. Em Pernambuco, o PSL, em que pese ter sido um pré-candidato a vereador no Recife o estopim da atual crise, ainda não pegou fogo. Até porque só tem uma liderança de expressão, o deputado federal Luciano Bivar, presidente nacional da sigla, e, com a crise nacional, o debate no Recife ficou em segundo plano. Mas as divergências virão. Já o PT pernambucano, que comandou por 12 anos consecutivos a Prefeitura do Recife, capricha nas divisões internas. Foi assim em 2012 quando cassou o direito de João da Costa concorrer à reeleição e em 2018 quando impediu Marília Arraes de disputar o governo do estado. Agora, o nome de Marília volta à tona como opção para a Prefeitura do Recife, mas o PT deve se manter fiel à aliança com o  PSB.

O tempo esquentou, mas...  
Em agosto correu a informação de que o Governo Bolsonaro teria notificado o Governo Paulo Câmara de que o pagamento do 13º do Bolsa Família era um programa federal e que este nome não poderia ser utilizado pelo governo de Pernambuco. Coincidência ou não, o governo estadual mudou o seu 13º do Bolsa Família para Programa de Distribuição de Renda. Há poucos dias, indagado sobre esse possível questionamento do governo federal, o secretário da Casa Civil, José Neto, disse desconhecer.

A conta do piche
Os governadores nordestinos, aliados do ex-presidente Lula, abrem uma nova frente contra Bolsonaro, cobrando do governo federal medidas que, segundo eles, não foram tomadas a tempo para impedir a chegada do óleo às praias nordestinas. E Bolsonaro joga uma ameaça no ar, advertindo que esse desastre ambiental pode prejudicar o leilão da cessão onerosa. Já viu, não é?

Prejuízos
O prefeito de Jaboatão, Anderson Ferreira (PL), aliado de Bolsonaro, acusou nesta semana o governo estadual de não tomar providências para evitar que o piche invadisse o litoral pernambucano. No dia seguinte, Paulo Câmara criou um gabinete de crise para acompanhar a questão e o secretário estadual de Meio Ambiente, José Bertotti, diz que vai cobrar os prejuízos ao governo federal.

Manutenção predial
O Brasil não possui legislação federal de autovistoria em edificações, mas o assunto é tema de projeto de lei de autoria do deputado Augusto Coutinho (SD), que tramita há cinco anos no Congresso, propondo a  criação de uma Lei Nacional de Manutenção Predial, para evitar desastres como o ocorrido em Fortaleza. O projeto inclui edificações privadas e públicas. Nesta semana, Coutinho esteve no Senado pedindo celeridade e a promessa é de uma audiência pública para tratar do tema.

Controle remoto
O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), estava chegando a Brasília, na terça-feira, quando soube do desabamento do edifício Andrea em Fortaleza. Imediatamente, o governador retornou ao seu estado. Ao saber desse detalhe, um socialista pernambucano pontuou: “Camilo Santana e o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), vivem mais em Brasília do que em seus estados”.