PAINEL POLíTICO » Sob ataque e sem retaguarda

por Daniela Lima/folhapress

Publicação: 19/10/2019 03:00

A guerra no PSL fragilizou as defesas do governo em flancos importantes, como na CPMI que apura a disseminação de fake news e na comissão que analisa a reforma das aposentadorias de militares. Como cabe ao líder do partido indicar os integrantes de colegiados –e a tropa de choque de Jair Bolsonaro está sendo removida desses postos–, a oposição se prepara para explorar todas as brechas. A possibilidade de sofrer derrotas nesses campos preocupa aliados do Planalto.
 
Brecha - Vendo a desordem na sigla de Bolsonaro, a oposição foi ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), cobrar maior produtividade da CPMI das fake news. A avaliação é a de que o comandante do colegiado, Angelo Coronel (PSD-BA), é “ingovernável” e atrapalhado os trabalhos.

Reforço - O deputado Ricardo Barros (PP-PR), designado para a vice-presidência da CPMI, é visto como o nome que vai ajudar a dar ritmo aos trabalhos.

Alistamento voluntário - A troca de acusações e ataques no partido de Bolsonaro ampliou a lista de pessoas dispostas a colaborar com a apuração das fake news. O líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), diz que foi atacado em suas redes, mas que os autores das postagens esqueceram “que sou policial e sou bom de investigação”.

Tiro de alerta - Waldir diz que é uma prática dos aliados de Bolsonaro disseminar mentiras e afirmou ao Painel que está disposto a colaborar com a CPMI se for chamado.

Tiro de alerta 2 - “Se eu for convidado talvez faça até um bom depoimento. Estão mexendo com a pessoa errada. Estou quieto aqui. Não mexam comigo”, diz. “Quem fez a pergunta que derrubou o Eduardo Cunha fui eu.”

Retranca - Apesar do clima beligerante e de não estar disposto a buscar a conciliação, o presidente do PSL, Luciano Bivar, disse em reunião nesta sexta-feira que o partido precisa mostrar que está mais preocupado em ajudar o Brasil do que em brigar com Bolsonaro.

Linha reta - Presidente de uma das principais comissões da Câmara, Felipe Francischini (PSL-PR) diz que não mudará sua atuação na CCJ. “O meu trabalho vai continuar da mesma maneira. Aprovei, até hoje, todas as pautas importantes para o governo. Minha atuação vai continuar, tenho senso republicano”, diz.

Sem atalho - O pacote de medidas que Paulo Guedes (Economia) quer apresentar nos próximos dias será formado por seis textos que demandam aprovação do Legislativo. Há pedidos urgentes e também temas que, na avaliação da equipe econômica, vão mobilizar o debate até o fim do primeiro semestre de 2020.

Trava - Um dos projetos tratará de mudanças na regra de ouro das contas públicas, norma que proíbe o governo de tomar dinheiro emprestado para se endividar.

Negócios à parte - Técnicos da Economia temem não cumprir a regra a partir do no ano que vem e, por isso, há pressa. Um dos caminhos em estudo é inserir o conteúdo de texto do deputado Pedro Paulo (DEM-RJ) em uma proposta de tramitação mais avançada, de autoria da hoje deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR).

Só chutar pro gol - Recém-nomeado líder do governo no Congresso, o senador Eduardo Gomes (MDB-TO) disse ao Painel que tem grandes amigos na Câmara, o que o credenciaria a dialogar com a Casa, e que sua prioridade no posto será “arrematar os feitos e as conquistas do ano”.

Tempo de colher - Na visão do novo líder, o governo tem boas notícias a mostrar na área de infraestrutura e também colherá resultados positivos com o 13º do bolsa família.

Bola fora - Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) causou constrangimento à bancada feminina do PP durante um almoço com o integrantes do partido. De acordo com relatos, ele disse ter mentido para a mulher quando ela perguntou quem era a mulher, uma senadora da legenda, que havia posado com ele em uma foto.

Bola fora 2 - Um integrante do PP diz que Ramos contou ter dito tratar-se de funcionária do Congresso “para não ter problema em casa”. Deputadas e senadoras deixaram o local.

Tiroteio

"Vivemos situação dramática com essa tragédia de dimensões desconhecidas, e de quem se espera liderança vem falta de ação"
Do governador Rui Costa (PT-BA), sobre o que considera “omissão do governo Bolsonaro” no vazamento de óleo que atingiu a costa do NE