Divulgação de vídeo por Bolsonaro gera discussões Jair Bolsonaro divulgou de seu WhatsApp convocação para manifestação contra Congresso Nacional

Publicação: 27/02/2020 03:00

Ao divulgar por seu WhatsApp pessoal uma convocação para ato em apoio ao governo e contra o Congresso Nacional, o presidente Jair Bolsonaro gerou reações no mundo político e nas redes sociais. Durante a Quarta-feira de Cinzas, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), parlamentares, governadores e centrais sindicais se posicionaram sobre o assunto e cobraram explicações sobre o tema.

Em resposta, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, via twitter, que usa o aplicativo WhatsApp somente para trocar mensagens de “cunho pessoal” com “algumas dezenas de amigos”. “Tenho 35Mi de seguidores em minhas mídias sociais, c/ notícias não divulgadas por parte da imprensa tradicional. No Whatsapp, algumas dezenas de amigos onde trocamos mensagens de cunho pessoal. Qualquer ilação fora desse contexto são tentativas rasteiras de tumultuar a República”, afirmou.

O ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, afirmou que “não foi ele (o presidente) que fez os vídeos, não foi ele que distribuiu, ele não fez qualquer crítica aos parlamentares”. De acordo com Ramos, o presidente decidiu compartilhar o vídeo com amigos após ficar sensibilizado com as imagens, que incluem cenas de quando tomou uma facada, durante a campanha eleitoral de 2018.

Ramos ressaltou, porém, que Bolsonaro “não sabe” quem fez o vídeo e citou o fato de ele não ter reproduzido os vídeos em nenhuma rede social, apenas no WhatsApp pessoal.

REPERCUSSÃO
O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Celso de Mello, afirmou em nota que considera “gravíssima” a convocação de manifestações contra o Congresso Nacional e afirmou que o caso revela a “face sombria de um presidente que desconhece o valor da ordem constitucional”. O decano frisou: “O presidente da República, embora possa muito, não pode tudo”. Já o ministro Gilmar Mendes afirmou que as instituições brasileiras “devem ser honradas por aqueles aos quais incumbe guardá-las”.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu a união pelo diálogo e reafirmou o respeito às instituições democráticas.

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), afirmou em nota que “presidentes que bloquearam o diálogo com o Congresso não conseguiram colocar em prática projetos para o bem comum e retardaram o progresso e a evolução de nosso país. “Somente com diálogo, respeito à democracia e às instituições, aos representantes legitimamente eleitos e ao pacto federativo é que o país voltará a crescer”, termina o texto divulgado por Witzel

Em nota, as centrais sindicais cobraram que o STF e o Congresso Federal tomem “providências para resguardar o Estado de Direito”. (Da redação com Agência Estado)
 
Entenda
  • O presidente enviou pelo menos dois vídeos convocando a população a sair às ruas, no dia 15 de março, em atos contra o Congresso.
  • Com imagens e sobreposição de fotos suas, os vídeos têm trechos idênticos, como a frase que classifica Bolsonaro como um presidente “cristão, patriota, capaz, justo e incorruptível”.
  • Nos vídeos, porém, não há críticas diretas ao Congresso Nacional.
  • A divulgação do vídeo tem sido tratada como um endosso, por parte de Bolsonaro, às manifestações