Governadores reagem e pedem renda mínima Em reunião realizada via conferência, 26 governadores brasileiros pedem medidas do governo federal

Publicação: 26/03/2020 03:00

Na primeira reunião do do Fórum de Governadores após o duelo entre João Doria (PSDB-SP) e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) acerca da condução da crise do coronavírus, os chefes estaduais concordaram que é preciso manter políticas restritivas para evitar a propagação do patógeno. Eles também pediram a suspensão por 12 meses do pagamento das dívidas deles com a União. São Paulo e Bahia já obtiveram decisões no Supremo para não pagar por seis meses, desde que apliquem os valores no combate à pandemia. Participaram do encontro por videoconferência de duas horas e meia centrada no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, 26 dos 27 governadores –apenas Ibaneis Rocha (MDB-DF) não estava presente.

A reunião do grupo aconteceu poucos minutos depois do encerramento da reunião, por vídeoconferência dos Governadores do Nordeste. A sugestão para a realização de um encontro virtual dos gestores estaduais foi dada pelo governador Paulo Câmara (PSB) durante troca de mensagens do grupo no WhatsApp, logo após o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro. A ideia chegou ao Fórum dos Governadores do Brasil, que acatou a sugestão e também promoveu a reunião pela internet.

Ontem à tarde, Paulo Câmara, em pronunciamento à população, reforçou o pedido para que todos fiquem em casa. “Nada é mais importante e urgente do que proteger a vida. Não pode existir outra escolha. Vamos precisar, sim, construir caminhos para a recuperação econômica, será assim no mundo. Mas tudo ao seu tempo. Vida perdida não se recupera”, disse o governador.

Na carta elaborada ao final do encontro dos governadores do Brasil, que buscou ser propositivo e evitar críticas exacerbadas a Bolsonaro, a recomendação foi da aprovação de um projeto urgente de renda mínima e a viabilização de recursos livres da União. Quer a redução da meta de superávit fiscal, que hoje na verdade é um déficit permitido de até R$ 124,1 bilhões em 2020. Também pede a aprovação no Congresso do chamado Plano Mansueto, elaborado pelo secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, que prevê acesso de estados e municípios a empréstimos da União tendo como garantia promessa de ajuste fiscal.

Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, também foi convidado, numa simbolização de unidade. Ele disse que governo Bolsonaro parece estar querendo criar pânico econômico para “obrigar parte da sociedade a acabar indo à rua” devido à crise do novo coronavírus. O deputado falava sobre a agenda legislativa imediata para a crise, e afirmou que o governo havia prometido editar medida provisória para tentar garantir empregos. “Eu disse que, se não mandassem, o Congresso iria legislar. Fica parecendo que eles estão esticando a corda exatamente para obrigar parte da sociedade a acabar indo para a rua, e que fique num estado de maior pânico em relação aos próximos passos”, afirmou.

Um ponto central do embate entre o Planalto e os estados, a decisão sobre quarentenas, foi quase unânime: governadores defenderam seguir orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde), que vem apoiando o isolamento social para conter a curva de infecção do coronavírus. “O objetivo não é transformar isso numa trincheira contra o presidente Jair Bolsonaro”, afirmou o paulista, que de todo modo voltou a criticar o discurso do presidente da noite de terça. Ele negou ter ofendido o mandatário máximo, e sim ter expressado suas críticas. (Da Folhapress)

“Não posso admitir que venha agora lavar as mãos e responsabilizar outras pessoas por um colapso. Um estadista tem de ter coragem de assumir dificuldades”
Ronaldo Caiado governador de Goiás

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MANTERÃO AS REGRAS DE ISOLAMENTO:

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Pleitos dos governadores
  • Suspensão por 12 meses do pagamento das dívidas deles com a União
  • Aprovação de um projeto de renda mínima e a viabilização de recursos livres da União
  • Redução da meta de superávit fiscal
  • Aprovação do Plano Mansueto