Covid-19 influencia a popularidade Pesquisa do Datafolha aponta oscilação em rejeição do presidente Jair Bolsonaro. Por outro lado, avaliação positiva do Ministério da Saúde teve crescimento

Publicação: 04/04/2020 03:00

A aprovação da condução da crise do novo coronavírus pelo Ministério da Saúde disparou, e já é mais do que o dobro da registrada por Jair Bolsonaro. Governadores e prefeitos também têm avaliação superior à do presidente. É o que revela pesquisa do Datafolha feita de quarta (1º) até esta sexta (3). O levantamento ouviu 1.511 pessoas por telefone, para evitar contato pessoal, e tem margem de erro de três pontos percentuais para mais ou menos.

Na rodada anterior, feita de 18 a 20 de março, a pasta conduzida por Luiz Henrique Mandetta tinha uma aprovação de 55%. Agora, o número saltou para 76%, enquanto a reprovação caiu de 12% para 5%. Foi de 31% para 18% o número daqueles que veem um trabalho regular da Saúde.

Já o presidente viu sua reprovação na emergência sanitária oscilar de 33% para 39%, crescimento no limite da margem de erro. A aprovação segue estável (33% ante 35%), assim como a avaliação regular (26% para 25%).

Nessa duas semanas entre as pesquisas, Bolsonaro antagonizou-se com Mandetta em diversas ocasiões. Contrariando a recomendação internacional seguida pelo ministro, insistiu que o isolamento social não é medida salutar para conter o contágio do Sars-CoV-2.

Chegou a fazer pronunciamento em rede nacional na semana passada para fazer a defesa da abertura do comércio e foi pessoalmente visitar ambulantes no entorno de Brasília. Posteriormente, modulou seu discurso e fez nova fala, na terça-feira, mais ponderada.

Na quinta-feira, contudo, voltou a criticar Mandetta em entrevista. Durante o período, panelaços contra o presidente se tornaram frequentes em grandes cidades, o que se espelha na sua reprovação mais alta em regiões metropolitanas: 46% de ruim ou péssimo.

Bolsonaro é mais mal avaliado por mulheres (43% de reprovação), pessoas com curso superior (50%) e mais ricos (acima de 10 salários mínimos mensais, 46%).

A erosão entre instruídos e mais abastados, antes bases bolsonaristas, manteve o padrão da pesquisa anterior. Jovens (16 a 24 anos, 45% de ruim/péssimo) e ouvidos de 25 a 34 anos (47%) são os que mais o rejeitam. A aprovação geral, ainda que não seja comparável metodologicamente a pesquisas presenciais anteriores, vai em linha com o suporte geral do presidente no eleitorado.

PERCEPÇÃO
A sucessão de ordens e contraordens na gestão da crise cobra um preço. Para 51%, Bolsonaro mais atrapalha do que ajuda no combate ao vírus. Pensam o contrário 40%.

O Datafolha voltou a aferir a aprovação de governadores e incluiu a de prefeitos nesta pesquisa. O presidente vem se confrontando com os chefes estaduais desde que a crise eclodiu, e ameaça baixar um decreto para romper o fechamento do comércio em locais como São Paulo.

Aprovam a gestão de seus governadores 58% dos brasileiros, ante 54% da rodada anterior. Os reprovam os mesmos 16% e a avaliação regular caiu de 28% para 23%. Já os prefeitos recebem ótimo e bom e 50%, 25% de regular e 22% de ruim e péssimo.

A rejeição ao trabalho de Bolsonaro subiu mais entre moradores do Sudeste (de 34% para 41%) e no Norte/Centro-Oeste (24% para 34%) – neste caso, é notável a dissidência de um expoente da região, o governador goiano Ronaldo Caiado (DEM), que rompeu com Bolsonaro na semana passada.

Ainda assim, essa região é a que melhor avalia (41% de ótimo/bom) o presidente, juntamente com o Sul (39%), onde um governante aliado, Comandante Moisés (PSL-SC), também deixou as hostes bolsonaristas.

O Nordeste se cristaliza como um centro de rejeição ao presidente nesta crise, com a maior taxa de ruim e péssimo, 42%. Também acham que Bolsonaro mais atrapalha a gestão 57%.

Já as avaliações do desempenho dos governadores se mantiveram alinhadas à tendência apontada há duas semanas, com o Nordeste (64%) e o Norte/Centro-Oeste (61%) liderando o índice de satisfação.

Entre prefeitos, os da região Sul recebem ótimo ou bom de 58% de seus moradores, ante 48% do Sudeste, 53% do Nordeste e 44%, do Norte/Centro-Oeste. A maior insatisfação é nesta última região, 24%, empatada com os 23% do Sudeste. (Da Folhapress)

Mais dados

Avaliação de Bolsonaro


Ótimo/bom:               33%
Regular:             25%
Ruim/péssimo:                   39%
Não sabe/não respondeu:            2%
No levantamento anterior, divulgado no dia 23 de março, a aprovação de Bolsonaro era de 35% e a reprovação era de 33%.

Avaliação do Ministério da Saúde

Ótimo/bom:                     76%
Regular:             18%
Ruim/péssimo:      5%
Não sabe/não respondeu:    1 %
No levantamento anterior, a aprovação do Ministério da Saúde era de 55% e a reprovação era de 12%.

Avaliação dos governadores

O Datafolha pesquisou também a avaliação sobre as ações dos governadores na crise. Os resultados foram:


Ótimo/bom:            58%
Regular:                  23%
Ruim/péssimo:              16%
Não sabe/não respondeu:     2%
Na pesquisa anterior os governadores tinham aprovação de 54% e reprovação de 16%.