PAINEL POLíTICO » Discurso x ação

por Camila Mattoso / Folhapres
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Publicação: 04/04/2020 03:00

Apesar das declarações de Jair Bolsonaro sobre preocupação com desemprego, políticos e integrantes do Judiciário apontam ao menos cinco posturas contraditórias do governo com este discurso. O Planalto chegou a publicar medida de suspensão de contratos de trabalho sem contrapartida, ofereceu, no início, apenas R$ 200 para informais, colocou a meta fiscal e, depois, a regra de ouro como entraves e, por fim, ainda não tem data para os pagamentos ocorrerem.

Veja bem
Em entrevista nesta sexta-feira, Paulo Guedes (Economia) disse que os que criticam a demora na liberação dos R$ 600 estão fazendo política.

Vai chegar
A promessa de pagamento foi renovada. O Ministério da Cidadania assegurou que na terça começará a receber inscrições por meio de um novo aplicativo. A expectativa oficial é que 59 milhões de pessoas busquem o auxílio. Mas ainda não há data para o início do pagamento.

Alerta
Diante do projeto do governo federal de utilizar dados de aparelhos celulares para rastrear e desencorajar aglomerações durante a pandemia, a Anatel enviou ofício ao Ministério da Ciência e Tecnologia alertando que a preocupação com a saúde não pode levar à infração do direito à privacidade.

Rastreio
“Ferramentas iniciadas com um determinado propósito podem rapidamente evoluir para formas de rastreamento, em última instância, pessoa a pessoa com a produção de elementos que venham a ser inclusive objeto de debate no Judiciário”, diz o documento, que destaca que o consentimento das pessoas também deve ser apreciado.

Orelha quente
Em reunião com representantes de centrais sindicais nesta sexta-feira, o governador Wilson Witzel (PSC-RJ) fez um prognóstico negativo para Jair Bolsonaro. Disse que o presidente cria muitas mentiras e que, se continuar nesse ritmo, não sabe quanto tempo Bolsonaro vai continuar na Presidência.

Amigos?
Um gesto do general Braga Netto (Casa Civil) causou estranheza nesta sexta-feira após o fim da já tradicional entrevista coletiva no Palácio do Planalto. O ministro chamou os três repórteres (Globo, Record e CNN) que foram sorteados para ter direito ao microfone e elogiou as perguntas feitas por eles. Bolsonaro considera a imprensa uma inimiga.

Mistureba
Contra unificar as eleições deste ano com as de 2022, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo e próximo presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), diz que a junção não lhe parece boa sob três aspectos: constitucional, institucional e gerencial.
 
Excessivo
Ele afirma que a mudança desrespeitaria o mandato dado pelo eleitor, de quatro anos, confundiria a população ao colocar sete cargos ao mesmo tempo em votação e, por último, causaria “um verdadeiro inferno gerencial”, ponderando também a dificuldade em dividir tempo de televisão.
 
Exceção
Na defesa de adiar a eleição de 2020 apenas por tempo necessário para se realizar com segurança, Barroso também aponta que o precedente na história brasileira de prorrogação de mandatos ocorreu na ditadura militar. “Uma emenda constitucional estendeu até 1982 o mandato de prefeitos e vereadores eleitos em 1976, e que deveria terminar em 1980”, diz.
 
TIROTEIO
 
"O brasileiro elegeu um presidente da República, mas é comandado por um vereador”
De Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da minoria na Câmara, sobre Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) ter ganhado sala no Planalto