"O presidente tem tido um olhar diferenciado" Líder do governo na Câmara Federal destaca ações que Jair Bolsonaro direcionou para o Nordeste

FILLIPE VILAR
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Publicação: 04/04/2020 03:00

O líder do governo Bolsonaro (sem partido) na Câmara dos Deputados, deputado Major Vítor Hugo (PSL-GO), foi entrevistado nesta sexta-feira na Rádio Clube. Na conversa com o jornalista Rhaldney Santos, o parlamentar falou sobre a postura do governo federal durante a crise do coronavírus. Também comentou sobre o uso dos fundos partidário e eleitoral no combate à pandemia, além de alterações no calendário eleitoral.

Entrevista: Major Vítor Hugo (PSL-GO) // líder do governo na Câmara dos Deputados

Governo Bolsonaro e a Covid-19

Acho que todos os líderes, deputados e senadores, têm a plena percepção da seriedade do momento que a gente está enfrentando. O governo federal tem feito todo o esforço para preservar vidas e para preservar os empregos. Isso se reflete nas ações do governo tanto na Câmara, quanto no Senado, e na forma de agir dos líderes e do presidente das casas legislativas. A gente vê as casas implementando sessões remotas de votação. Hoje (sexta-feira) mesmo nós vamos ter uma votação importante aqui. O que nós temos chamado aqui de PEC do Orçamento da Guerra, que vai possibilitar que o governo federal tenha maior liberdade para realizar gastos em prol da população brasileira. Também o Plano Mansueto, que é uma medida importante para estados e municípios, para possibilitar que nós avancemos também nas ajudas aos outros entes federativos na superação dessa crise.

Relação governo e Congresso
A relação entre o Congresso e o governo federal está estabilizada. É lógico que a oposição tem o seu discurso… Também o centro. Isso eu acho que faz parte da política. Mas o mais importante que a gente tenha avançado nas pautas importantes. O governo apresentou a Medida Provisória (MP) 936, agora na quarta-feira, que trata sobre a manutenção dos empregos e também das empresas do país. Então é uma MP importantíssima. E eu acho que a gente tem avançado bem para superar essas duas ondas que a gente vai enfrentar agora: a referente à crise sanitária da Covid-19 e também, algo que é consequente da primeira onda, à econômica. O governo está disposto a investir quase R$ 700 bilhões. Muitos desses recursos irão para o Nordeste. Para você ter uma ideia, o déficit que o governo estava planejando para este ano, o objetivo era ficar em torno de R$ 124 bilhões. Já aumentamos para algo próximo de R$ 420 bilhões. Vão ser gastos quase 6% do PIB brasileiro em prol de salvaguardar as famílias mais carentes, proteger os informais e proteger as empresas. O governo tem feito de tudo para minimizar o choque de duas ondas.

Bolsonaro e Nordeste
O presidente Bolsonaro tem agido de uma maneira apolítica no trato com o Nordeste. A gente sabe que tem muitos governadores que são do campo ideológico mais à esquerda, que têm feito críticas contumazes e até, em grande medida, injustas em relação à atuação do presidente. Mas ele tem deixado essas questões menores de lado para poder apoiar (os estados). Eu posso citar alguns exemplos aqui. O governo federal pretende fazer transferências diretas para fundos de saúde dos estados e municípios na monta de R$ 8 bilhões. Isso certamente vai atingir também o Nordeste. A questão de recomposição do Fundo de Participação dos Municípios e do Fundo de Participação dos Estados. O governo planejou utilizar R$ 16 bilhões e isso também vai atingir os nove estados do Nordeste. Também tem a renegociação das dívidas de estados e municípios, as operações facilitadas de crédito. Só isso são quase R$ 50 bilhões a mais. Assistência social de saúde para estados e municípios… Fora as ações que já vinham sendo feitas especificamente para o Nordeste e anteriores à crise do coronavírus, como a questão de mais de 20 mil residências do Minha Casa Minha Vida entregues na região em 2019. O setor portuário, com 13 terminais concedidos à iniciativa privada. Aeroportos: 12 terminais leiloados. O presidente tem tido um olhar diferenciado. Ele expandiu a rede de internet para milhões de estudantes na região Nordeste, tudo isso com a intenção de ajudar essa região que é importantíssima e vinha sendo negligenciada por muitos governos anteriores, que agora o presidente decidiu apoiar”

Vidas e economia

Esse é o grande desafio de todos os chefes de governo pelo mundo: encontrar um equilíbrio ótimo entre a preservação da saúde e das vidas. Vidas são uma prioridade e sempre serão, mas também entendendo que a segunda vertente de ação, que é a econômica, tem um impacto na saúde e na vida das pessoas. O presidente, muitas vezes, tem sido enfático em suas falas e, às vezes, até incompreendido. Não é qualquer tipo de insensibilidade do presidente ou irresponsabilidade. Ele quer chamar a nossa atenção para essa questão: o remédio que nós aplicarmos agora para conter essa primeira onda sanitária, se for numa dose excessiva, pode potencializar muito os impactos dessa segunda onda, a econômica. Você vê que o governo já separou R$ 3 bilhões para inserir mais 1,5 milhão de famílias no Bolsa Família. Nós aprovamos agora essa ajuda aos informais de R$ 600. Se separou quase R$ 100 bilhões para essa ação, que vai atingir diretamente mais de 40 milhões de brasileiros. A gente sabe que é, indiretamente, mais da metade da população. Essa MP, a qual me referi, a 936, que vai tratar dos trabalhadores formais e das empresas, são outros R$ 51 bilhões. A ideia é garantir o emprego das pessoas, permitindo a redução da jornada de trabalho, mantendo o mesmo salário/hora e também a suspensão temporária dos contratos de trabalho. De maneira que a União vai custear uma parte dos salários, proporcional ao seguro-desemprego, e as empresas, uma outra parte. Entendendo também que, para essa parte das empresas, o governo separou um recurso para fazer um financiamento, caso elas não tenham recurso para manter esse custo. A MP é bem equilibrada e é alinhada a outras medidas, as mais de 200 ações que o governo federal tem feito e vão, se Deus quiser, contribuir para que a gente ultrapasse esses mares revoltos que a Covid-19 tem trazido para a gente, mais unidos e mais fortes.

Calendario eleitoral

Esse é um tema importante. É claro que estamos todos muito voltados para a crise em si, para a questão sanitária e econômica, mas a gente não pode esquecer que as eleições estão aí e fazem parte do processo político e da vida real das pessoas. Não só pela questão dos pré-candidatos, que também estão aflitos com isso, mas de toda a população brasileira porque esse ciclo eleitoral a cada dois anos é o que dá oxigênio para a nossa democracia. O meu posicionamento pessoal, não sei qual a posição do governo neste momento, é que me parece mais adequado que a gente reveja o calendário eleitoral. Não digo que a gente deva adiar as eleições, mas com certeza alguma alteração no calendário eleitoral para mim é inevitável. Por exemplo: o prazo de filiação, que terminaria hoje ou amanhã (neste sábado)… É algo que tem que ser pensado porque as pessoas não estão podendo sair de casa, não estão podendo conversar… É recomendado que não façam, então como é que essas pessoas vão se articular? Esse é um dos pequenos exemplos. Tem vários outros prazos que devem ser discutidos para que não haja prejuízo para a democracia. Mas, de novo, entendo que o mais importante são as ações da preservação da vida e dos empregos”.

Bancada estadual

Acho uma bancada (no Congresso) excepcional. São líderes efetivos, formais ou informais, que têm feito um trabalho parlamentar muito efetivo. Não só defendendo Pernambuco, mas tendo um olhar bem amplo em relação ao Brasil como um todo. A bancada de Pernambuco está de parabéns e tem ajudado não só o governo, mas o país.