INTERFERENCIA » PF pede 30 dias para conclusão

Publicação: 30/05/2020 07:00

A Polícia Federal pediu nesta sexta-feira ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Celso de Mello mais 30 dias para concluir o inquérito que apura se o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) interferiu na corporação. O pedido foi feito pela delegada Christine Machado, que conduz as investigações. A prorrogação é um ato natural ao processo. De acordo com pessoas ouvidas pela reportagem, alguns questionamentos encaminhados ao governo ainda não foram respondidos.

A PF aguarda, por exemplo, o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno, responder sobre as reclamações ou dificuldades na escolha de nomes na segurança de Bolsonaro e de seus familiares. Em ofício encaminhado ao Planalto no dia 19, a PF fez quatro pedidos ao ministro para tentar entender se o presidente se referia a sua segurança pessoal ao ameaçar mudanças no Rio durante reunião ministerial em 22 de abril.

A polícia cobra de Heleno informações sobre as trocas ocorridas no comando da chefia da segurança de Bolsonaro e família no anos de 2019 e 2020 e o detalhamento de “eventuais óbices ou embaraços” a nomes escolhidos para a função.

Os policiais também aguardam a perícia do celular do empresário Paulo Marinho. O aparelho do ex-aliado do presidente foi entregue na quinta-feira aos peritos da Superintendência da PF no Rio.

Marinho, em entrevista à Folha de S.Paulo, afirmou que o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) teve acesso a informações privilegiadas da PF entre o 1º e 2º turno das eleições de 2018.

O empresário disse que um delegado da Polícia Federal vazou de investigações que alcançariam Fabrício Queiroz, ex-assessor do gabinete do filho do presidente na Assembleia Legislativa do Rio quando ele ainda era deputado estadual.

As investigações contra o presidente Jair Bolsonaro foram abertas em abril, a pedido da PGR, após ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, acusar o presidente de tentar interferir no comando da PF e Superintendência do Rio. Bolsonaro nega a acusação. Até o momento, a PF já colheu depoimentos de Moro, delegados, ministros e políticos. (Folhapress)