DIARIO POLíTICO » A corrida para 2022

por Marisa Gibson
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Publicação: 09/07/2020 03:00

Impulsionados pela pandemia que colocou o presidente Bolsonaro em evidência por seguir na contramão do combate à Covid-19, aliados e adversários afiam o discurso para 2022, uma corrida que exigirá muito fôlego. Já na estrada com o governador João Doria, de São Paulo, pré-candidato a presidente, o PSDB vivencia uma campanha nacional assim como o PT que aproveita as eleições municipais deste ano para impedir o avanço do bolsonarismo. Para setores do PT isso é mais importante do que a eleição de prefeitos em algumas capitais.

Ontem ao responder a uma provocação do ministro da Economia, Paulo Guedes, o ex-deputado federal pernambucano Bruno Araújo, presidente nacional do PSDB, tocou num nervo exposto: “Após 18 meses no governo, Guedes continua no vermelho. O que o ministro está esperando para fazer alguma coisa pelo Brasil?” É, Guedes pode até não ser um bom ministro, mas é ótimo em provocações. Para ele, se o Plano Real tivesse sido bom, os tucanos não teriam perdido quatro eleições. Daí a reação do PSDB que não quer perder a quinta.

Voltando a Recife, onde o PT não quer ter candidato, o partido conta com a aliança do PSB, sigla que também já colocou 2022 na agenda da disputa municipal deste ano. Em videoconferência ontem com a participação do quase esquecido Gilberto Carvalho, ex-ministro do Governo Lula, o presidente estadual do PT, Doriel Barros, bateu na tecla -  as eleições para prefeito e vereador podem e devem influenciar 2022. A crise sanitária tão mal conduzida pelo Governo Bolsonaro é um dos motes.

Teses e teorias
A capacidade de Bolsonaro despertar suspeita em torno de tudo o que lhe acontece, contribui também para estimular a teoria da conspiração que o leva a crer ser um perseguido. Até hoje muita gente acha que a facada de 2018 foi puro marketing e, agora, se insinua que ele não está com a Covid-19. Pois é, ao afirmar que “ainda viverá por muito tempo” o que demonstrará a eficácia da cloroquina, Bolsonaro vai terminar sendo obrigado a fazer uma prova de vida.

Indefinições
Em três dos principais colégios eleitorais do estado – Petrolina, Caruaru e Jaboatão – administrados por adversários, o PSB ainda não bateu o martelo sobre a possibilidade de concorrer às eleições com candidatos próprios. Em Petrolina, a indefinição levou 35 pré-candidatos a vereador a migrarem para o Podemos.

Na espera
O deputado estadual Lucas Ramos (PSB), que colocou seu nome à disposição do partido para disputar a prefeitura de Petrolina contra Miguel Coelho (MDB) que concorrerá à reeleição, assinala o alerta de responsabilização do Tribunal de Contas do Estado ao prefeito, por não oferecer informações sobre contratação e despesas referentes ao combate à Covid-19.

Na fila
Até agora, o ex-deputado Odacy Amorim (PT) é o principal adversário de  Miguel Coelho nas eleições de novembro. Odacy, que já foi socialista, também espera a oficialização do apoio do PSB à sua candidatura.

Vai ser complicado
Em dezembro do ano passado, Paulo Rubem Santiago, ex-deputado federal, anunciou sua pré-candidatura à Prefeitura do Recife, pelo PSol, colocando-se mais à esquerda do que o PSB que, na sua opinião, era um partido conservador. Depois houve um silêncio de quase oito meses, até que nesta semana o PSol anunciou que não teria candidato no Recife e que poderia apoiar a candidatura de Marília Arraes (PT). Aí voltou tudo de novo

Convenção
O Partido Novo que havia definido o dia 27 deste mês para realização de sua convenção, no Recife, adiou o evento para 31 de agosto. O partido tem como candidato a prefeito Charbel Maroun e, na vice, André Teixeira.

Passou da hora
Nelson Teich, que mal falava quando ministro da Saúde, afirma agora que a flexibilização e a retomada econômica acontecem de forma confusa. E o agora falante Sérgio Moro, ex-ministro da Justiça, diz que Lula e Bolsonaro são extremos que devem ser evitados. Ele só viu agora, olha.