DIARIO POLíTICO » Diálogo com a esquerda

por Marisa Gibson
marisa.gibson@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 03/07/2020 03:00

Começou por Pernambuco a construção de uma estratégia do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ), para manter viva a sua interlocução com os partidos de esquerda visando a sucessão presidencial de 2022. Após a aprovação da PEC, quarta-feira à noite, sobre o adiamento das eleições municipais para novembro,  que exigiu pesadas negociações, Maia abriu mão de participar ontem da solenidade de promulgação da emenda no Congresso. Amanheceu no Recife, encontrou-se com o governador Paulo Câmara, vice-presidente nacional do PSB, e a vice-governadora Luciana Santos, presidente nacional do PCdoB. Depois, seguiu para a Bahia.

Embora pertença ao DEM, partido que ocupa cargos no Governo Bolsonaro e que defendeu o impeachment da ex-presidente Dilma, o deputado Rodrigo Maia teve o apoio de partidos de esquerda como o PCdoB e o PT para assumir  a presidência da Câmara, cargo que exerce há três mandatos. Assim, não poderá mais se reeleger a não ser por força de uma PEC que mude as regras vigentes. Agora, encerradas as eleições municipais, as discussões serão direcionadas automaticamente para a sucessão presidencial passando, claro, pelo comando da Câmara, que se renova em fevereiro de 2021.

Bem, as forças contrárias a Bolsonaro no país carecem de um interlocutor com bom trânsito entre os partidos de centro e de esquerda e Maia trabalha para ocupar esse vácuo. No Nordeste, por exemplo, proliferam lideranças de esquerda adversárias do presidente, havendo uma unanimidade em torno da capacidade de diálogo de Maia, responsável, entre outras coisas, pelo projeto inicial de socorro aos estados para amenizar os prejuízos da pandemia. O dinheiro foi pouco, ficou-se à espera da derrubada de um veto para melhorar as condições de pagamento das dívidas com os bancos internacionais e deve vir por aí um novo round contra Bolsonaro.
 
Protagonismo do Judiciário
Durante a solenidade de promulgação no Congresso da emenda constitucional que adia as eleições municipais, todas as atenções, todos os discursos foram direcionados ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal. A mudança de data das eleições é uma atribuição do Congresso, mas houve pressão para que prevalecesse a data de 15 de novembro.
 
Emprego e renda
Do deputado federal Sílvio Costa Filho (Republicanos): “Sou um defensor dos programas sociais, porém o maior programa social tem que ser o emprego e a renda para população. Precisamos focar na agenda do emprego. É fundamental avançar na agenda Brasil. É importante que o presidente Bolsonaro tenha a compreensão que ele precisa, cada vez mais, dialogar com as instituições para que o Brasil avance.”
 
Vai fazer o quê?
Tem prefeitos choramigando porque não podem fazer o popular corpo a corpo durante a campanha. Pois é, e vai piorar: o deputado federal Túlio Gadêlha (PDT) protocolou projeto de lei  que proíbe comícios e eventos que gerem aglomerações na campanha eleitoral, enquanto perdurar o estado de emergência por causa da Covid-19.
 
Dinheiro
Se depender de dinheiro para combate ao novo coronavírus, os prefeitos não têm do que se queixar. Ontem, por exemplo, mais R$ 24 milhões em emendas do deputado federal Fernando Monteiro (PP) para enfrentamento à pandemia  foram liberados pelo Ministério da Saúde e vão beneficiar 32 municípios pernambucanos.
 
Jaboatão
Aliados do prefeito Anderson Ferreira (PL) estão animados. Candidato à reeleição, Anderson aparece bem à frente dos concorrentes ao pleito em novembro, de acordo com pesquisa recente. Segundo maior colégio eleitoral de Pernambuco, com 459.915 eleitores, Jaboatão tem, por enquanto, um dos maiores números de pré-candidatos.
 
Novela petista
É possível que o adiamento das eleições, com alteração nos prazos para as convenções partidárias, prolongue a indefinição sobre a candidatura da deputada federal Marília Arraes (PT) à Prefeitura do Recife. Essa é uma situação que só prejudica o partido, a cada eleição mais fragilizado no estado.