PAINEL POLíTICO » Não contabilizado

por Camila Mattoso / Folhapres
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Publicação: 03/07/2020 03:00

A Polícia Federal indiciou o governador Ibaneis Rocha (MDB-DF) por crime eleitoral de omissão na sua prestação de contas em 2018, em esquema de candidatas laranjas. De acordo com relatório da PF, recursos destinados a duas mulheres foram usados para pagar militância de rua do então candidato. Elas receberam cerca de R$ 1,08 milhão e declararam tais gastos. A investigação concluiu que os prestadores de serviços trabalharam, na verdade, para Ibaneis, que não informou as despesas.

Quem - Kadija e Psicóloga Dolores Ferreira, ambas do MDB, declaram R$ 798 mil com gastos de supostas atividades de rua para suas candidaturas. Segundo a PF, no entanto, “grande parte” deste dinheiro foi “para pagamentos de prestadores de serviços de militância de rua que declararam que trabalharam, em sua maioria, para o candidato majoritário Ibaneis Rocha.”

Origem - Os recursos foram enviados pelos diretórios nacional e estadual/distrital para as candidatas. Do total, mais de R$ 700 mil saíram de cofres públicos, do fundo partidário e do fundo eleitoral. O presidente do MDB à época era Romero Jucá.

Regra - O governador foi indiciado com base em dois artigos do Código Eleitoral, 350 e 353, que falam em omissão ou declaração falsa para fins eleitorais. Segundo a lei, a pena é de reclusão até cinco anos e multa. O caso ainda não foi analisado pela Justiça. Em depoimento à PF, ele negou irregularidades. O Painel tentou contato com Ibaneis Rocha, mas não teve resposta.

Devolva-me - Um peça publicitária em um jornal chamado Sentinela Ambiental fez o comitê gestor de Regime de Recuperação Fiscal do Rio cobrar de Wilson Witzel um corte de R$ 16.590 (valor equivalente ao da propaganda) nas contas do estado como compensação à despesa.

Pauta positiva - Foram veiculados textos que aparentam reportagens, porém em tom elogioso às autoridades estaduais. O comitê entendeu que a propaganda não obedeceu as normas do programa fiscal, que veda gastos em publicidade que não sejam de utilidade pública e que caracterizem promoção pessoal.

Raio-x - Conselheiros federais da OAB solicitaram que o Conselho Nacional do Ministério Público investigue as condutas dos integrantes da da Lava Jato que entregaram seus cargos na semana passada.

Alô? - Uma interrupção repentina da participação da Argentina na cúpula do Mercosul ontem constrangeu autoridades brasileiras, que acreditam que o corte foi proposital. Quando a presidente boliviana, Jeanine Áñez, começou a falar, a transmissão da Argentina caiu e não voltou mais.

Amigo - Segundo relatos ao Painel, antes da imagem ser cortada, foi possível ver o presidente Alberto Fernández levantando-se e indo embora. Jeanine assumiu a Bolívia em meio à crise provocada por denúncias de fraude na reeleição de Evo Morales. Após a renúncia ele recebeu guarida de Fernández na Argentina.

De mal - Um dos momentos mais esperados nesta cúpula era o encontro de Fernández e Bolsonaro, após divergências públicas. Nesta quinta, o argentino chamou todos os presidentes do Mercosul pelo nome, menos o brasileiro.

Avaliação - O sistema interno da FGV, de acesso restrito a docentes e profissionais da instituição, mostra que o ex-ministro da Educação Carlos Alberto Decotelli recebeu nota 10 na avaliação dos alunos. O texto da FGV informando que Decotelli não era professor fixo da instituição foi considerado a gota d’água para ele continuar na pasta.

Dados - As notas são calculadas com base na mediana das avaliações dadas pelos alunos ao final dos cursos. O sistema mostra apenas as avaliações dos últimos 18 meses. O ex-ministro recebeu nota 10 de 25 turmas. Embora não fosse contratado fixo da instituição, Decotelli lecionou e ainda leciona na fundação.

Tiroteio

"Parabéns ao presidente Jair Bolsonaro. Foi uma carta de alforria!”
De Jair Bolsonaro, sobre a MP do futebol, que dá aos clubes o direito de negociar a transmissão, reduzindo o poder da Globo