Serra é denunciado pela Lava-Jato de SP Ex-governador paulista e hoje senador é acusado de lavagem de dinheiro transnacional. A filha do tucano, Verônica Serra, também foi denunciada

Publicação: 04/07/2020 03:00

O Ministe%u0301rio Pu%u0301blico Federal em São Paulo denunciou nesta sexta-feira o ex-governador paulista e hoje senador Jose%u0301 Serra (PSDB), 78, sob acusação de lavagem de dinheiro transnacional. A filha do tucano, Verônica, também foi denunciada pela equipe da Lava-Jato de São Paulo. Segundo a Procuradoria, também foi autorizado o bloqueio de cerca de R$ 40 milhões em uma conta na Suíça, embora não seja esclarecida qual é essa conta. De acordo com a força-tarefa, a informação está sob sigilo. Com autorização da Justiça Federal, oito mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos em Sa%u0303o Paulo e no Rio de Janeiro nesta sexta-feira para dar andamento às investigações. Alguns imóveis ligados a Serra estão entre os alvos da operação, inclusive a sua residência. A operação foi batizada de Revoada.

Segundo o Ministério Público Federal, foram cometidos crimes até 2014. Em 2018, o Supremo Tribunal Federal decidiu que crimes atribuídos a Serra cometidos até 2010 estavam prescritos. Pela denu%u0301ncia, nos anos de 2006 e 2007, Serra “valeu-se de seu cargo e de sua influe%u0302ncia poli%u0301tica para receber, da Odebrecht, pagamentos indevidos em troca de benefi%u0301cios relacionados a%u0300s obras do Rodoanel Sul”.

“Milho%u0303es de reais foram pagos pela empreiteira por meio de uma sofisticada rede de offshores no exterior, para que o real beneficia%u0301rio dos valores na%u0303o fosse detectado pelos o%u0301rga%u0303os de controle.” De acordo com as investigações, Jose%u0301 Amaro Pinto Ramos e Vero%u0302nica Serra constitui%u0301ram empresas no exterior, ocultando seus nomes, e por meio delas receberam os pagamentos que a Odebrecht destinou ao enta%u0303o governador paulista. Serra governou o estado de 2007 a 2010.

“Neste contexto, realizaram numerosas transfere%u0302ncias para dissimular a origem dos valores, e os mantiveram em uma conta de offshore controlada, de maneira oculta, por Vero%u0302nica Serra até o final de 2014, quando foram transferidos para outra conta de titularidade oculta, na Sui%u0301c%u0327a.”

José Amaro Pinto Ramos tem sido apontado por delatores nos últimos anos como lobista e operador ligado aos tucanos. Segundo a Procuradoria, ele não foi alvo da denúncia porque tem mais de 70 anos e os crimes atribuídos a ele prescreveram - as investigações apontam que ele teria cometido irregularidades só até 2007.

A delação de ex-executivos da Odebrecht é uma das principais bases para a acusação, que também usa a delação da Andrade Gutierrez e analisa extensas movimentações financeiras.

Em resumo, a denúncia diz que Serra recebeu 936 mil euros da Odebrecht entre 2006 e 2007 no exterior, por intermediação do operador José Amaro Pinto Ramos. O dinheiro chegou a uma offshore controlada por Verônica.

A partir disso, teria ocorrido uma série de operações financeiras para dissimular e ocultar a origem ilícita do dinheiro. Essas movimentações teriam ocorrido entre 2006 até, pelo menos, setembro de 2014.

O documento frisa que não houve “qualquer indicativo no sentido de que as operações ora imputadas tenham qualquer lastro em relações comerciais lícitas”.

Em nota, a assessoria de Serra disse que a ação “causa estranheza e indignação”. “Em meio à pandemia, em uma ação completamente desarrazoada, a operação realizou busca e apreensão com base em fatos antigos e prescritos e após denúncia já feita, o que comprova falta de urgência e de lastro probatório da acusação. O senador José Serra reforça a licitude dos seus atos e a integridade que sempre permeou sua vida pública. Ele mantém sua confiança na Justiça brasileira, esperando que os fatos sejam esclarecidos”. (Folhapress)