Feito para elas, dominado por eles Apenas 30,7% das candidaturas do Partido da Mulher Brasileira são de mulheres, número que faz do PMB o segundo partido mais masculino em Pernambuco entre os 33 pesquisados

Ananda Barcellos
Especial para o Diario
politica@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 31/10/2020 03:00

O Partido da Mulher Brasileira foi fundado em 2008 com o objetivo de incluir a mulher nos setores públicos e sociais. Apesar da pretensão em Pernambuco a maioria da representação do partido é masculina: dos 140 candidatos registrados no site da Justiça Eleitoral, 43 (30,7%) são mulheres e 97 (69,3%) são homens. Das 43 mulheres registradas, 5 constam como inaptas no site, 36 concorrem pelo cargo de vereadora e duas são candidatas a vice-prefeitas nas cidades de Paulista e Jaboatão dos Guararapes.

Segundo o portal da Justiça Eleitoral, o estado tem um total de 21.037 candidatos nessas eleições. Deste número, 14.203 (67,5%) são homens e 6.834 (32,5%) mulheres. Ou seja, a porcentagem de mulheres candidatas pelo PMB é menor do que a do estado. O partido tem a segunda menor porcentagem de representação feminina de Pernambuco, sendo maior apenas que o Partido Novo, que tem 26,6% das candidaturas encabeçadas por mulheres. O partido que mais traz candidaturas femininas em sua porcentagem é o PSTU (66,6%), seguido pelo PCB (50%) e o UP (37,9%).

A fundadora do PMB é a maranhense Suêd Haidar. “Nós criamos o partido após verificar uma necessidade de aumentar a participação das mulheres em todos os setores da sociedade, mas sem excluir a participação masculina”, explica Suêd, em um trecho no site oficial do partido.

Em Pernambuco, o partido é representado por dois homens. O presidente, Wedson Alves Reis, e o secretário geral estadual, Alysson Clementino Bezerra. “Lugar de mulher é onde ela quiser, sobretudo na política”, ressaltou Alysson, em entrevista ao Diario. “O partido foi criado para dar a oportunidade à mulher e mostrar que ela tem as mesmas capacidades que um homem. É importante garantir o espaço das mulheres na política. A presidente anterior não conseguiu construir nada, então assumi no início de 2019”, destacou.

Wedson afirmou que a quantidade de mulheres é pequena no PMB-PE porque muitas não aceitam o convite do partido. “A gente convida as mulheres a participarem, mas como a política em Pernambuco é muito complicada, elas acabam preferindo outros partidos. A gente não pode obrigar ninguém a entrar. Convidamos mais de cem mulheres para participar das eleições neste ano, mas muitas não quiseram”, destacou.

Análise
A Doutora em Antropologia e professora de realidade sociopolítico, Maria Cecília Patrício, considera importante a presença feminina nos partidos. “Representatividade é a maneira pela qual os coletivos precisam aparecer no cenário político.  Para haver democracia, tem que ter a inclusão de todos, em suas diferentes apresentações, situações e identidades”, destacou.

“A representatividade feminina interessa a muitos homens, principalmente candidatos que defendem a causa para ter voto”, continuou a antropóloga. Para Maria Cecília, a porcentagem de candidatas ainda é baixa para trazer representação necessária da mulher para a política. “Os partidos se aliam a ideologias contrárias em prol de conquista do poder, capital, recursos e ganhos. E cadê a representatividade feminina?”, questionou a professora. “É muito complexa a análise dessa representatividade, na medida em que as alianças muitas vezes são de acordos políticos, com ideologias contrárias à própria representatividade feminina. É muito contraditório.”




Fonte: TRE