PT estadual antecipa saída do governo Decisão anunciada ontem pelo diretório do partido em Pernambuco encerra uma parceria no estado que começou no segundo turno da eleição de 2006

Henrique Souza e Thayse Lira
Especial para o Diario
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Publicação: 15/01/2021 03:00

Após dias de rumores, ontem o PT oficializou a saída do governo Paulo Câmara (PSB) e entregará todos os cargos na atual gestão. A decisão, que estava prevista para ocorrer até o fim deste mês, foi confirmada em nota do diretório do partido no estado, assinada pelo presidente do PT em Pernambuco, o deputado estadual Doriel Barros. A sigla ocupava a Secretaria de Desenvolvimento Agrário, comandada por Dilson Peixoto.

“Como resultado de debates internos sobre a continuidade da participação do Partido dos Trabalhadores no Governo do Estado, decidimos deixar os cargos que o PT ocupa na atual gestão (PSB-PE)”, diz a nota. Doriel também afirma que a participação do PT na gestão foi uma decorrência natural da aliança que celebraram com o PSB em 2018, que segundo ele, teve resultados extremamente positivos para ambos os partidos.

“Ao longo desses dois anos, o PT contribuiu de forma decisiva para o sucesso da administração estadual, desenvolvendo políticas públicas com criatividade, competência e compromisso com a maioria da população, especialmente no segmento da agricultura familiar. Implantamos um trabalho que, se continuado, permitirá a colheita de importantes frutos para a gestão estadual e mudanças estruturais nesses setores”.

Doriel ainda acrescenta que a bancada de deputados estaduais irá assumir um posicionamento de independência em relação ao governo estadual, “que pautará também a nossa conduta na Assembleia Legislativa de Pernambuco”, frisou. O presidente do PT finaliza declarando que espera a continuidade de um diálogo respeitoso com o governo estadual e com a própria Frente Popular.

O rompimento entre PSB e PT põe fim a uma relação de mais de 10 anos de participação do Partido dos Trabalhadores no governo do estado. Em 2006, o então candidato do PT, o senador Humberto Costa, ficou em terceiro lugar na disputa e apoiou Eduardo no segundo turno. Curiosamente, tanto Eduardo quanto Humberto fizeram campanhas apoiadas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2010, a sigla optou por reforçar a candidatura de Eduardo Campos à reeleição.

O PT também esteve no palanque do PSB no estado em 2014 e em 2018, apoiando as candidaturas do governador Paulo Câmara. Na última eleição presidencial, o PT articulou para inviabilizar a aliança do PSB com o PDT, em troca de apoio em Amazonas, Amapá, Paraíba e Pernambuco. A pré-candidatura da deputada federal Marília Arraes (PT) ao governo do estado acabou sendo rifada após o acordo.

A ligação entre as siglas começou a se deteriorar nas eleições municipais deste ano. O candidato do PSB, João Campos, derrotou Marília Arraes após um pleito bastante disputado. A candidatura de Marília, que enfrentou resistência em alguns setores do PT no estado, não foi bem recebida pelo PSB. Durante a campanha, João e Marília travaram duros embates, com críticas de ambos os lados. A tensão chegou ao ponto até de João declarar, em certo momento, que a sua gestão não teria integrantes do PT.