Bolsonaro aposta na política de Salles O discurso do presidente do Brasil, um dos mais esperados da Cúpula do Clima, deve repetir argumentos da carta enviada a Joe Biden

Publicação: 22/04/2021 03:00

A Cúpula de Líderes sobre o Clima será um teste duplo para o Brasil. A ser realizado de maneira virtual, o primeiro grande evento ambiental puxado pelo presidente norte-americano Joe Biden tem o presidente Jair Bolsonaro no centro das atenções. Tanto em relação aos compromissos a serem assumidos pelo brasileiro, quanto na relação do governo Bolsonaro com o mandatário dos Estados Unidos, que tem cobrado políticas e metas de controle à devastação da Amazônia.

Em Brasília, dá-se como fechado o discurso de Bolsonaro. Aliados do presidente afirmam que ele seguirá os argumentos da carta enviada a Biden, no dia 14 deste mês. No documento de sete páginas, o governo brasileiro se comprometeu em zerar o desmatamento ilegal ainda nesta década.  “Queremos reafirmar, nesse ato, em inequívoco apoio aos esforços empreendidos por V. Excelência, o nosso compromisso de eliminar o desmatamento ilegal no Brasil até 2030”, escreveu Bolsonaro.

Bolsonaro deve repetir o compromisso em zerar o desmatamento como também salientar o que listou, na carta a Biden, como “ações realistas” para resolver o problema. E que estariam sendo implementadas pelo governo federal. As ações, centradas na política do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, são nominadas pelo presidente como “cinco eixos específicos”.  Salles, que vem sendo duramente criticado, foi defendido por ministros em um almoço, com a presença de Bolsonaro, na casa do ministro Fábio Faria, das Comunicações. Foi o encontro do “#FicaSalles”.

Além das chamadas ações de comando-e-controle, relacionadas à fiscalização, Bolsonaro deve incluir em seu discurso outros quatro “eixos específicos” de trabalho a Biden. Estes seriam, conforme a carta, o pagamento dos serviços ambientais pelas nações poluidoras – com base nos créditos de carbono; a criação e manutenção de projetos que levem em conta as atividades econômicas na Amazônia, com a implementação do “zoneamento ecológico-econômico da região”; além de investimentos na “tão aguardada bioeconomia” e “regularização fundiária”.

A exemplo da carta, o presidente brasileiro pode volta reproduzir – e há quem aposte nisto – que tem uma missão relacionada a Amazônia brasileira. “Minha missão, no que diz respeito à Amazônia, inclui criar alternativas econômicas que reduzam o apelo das atividades ilegais de forma inequívoca e concomitante à atuação de repressão”, escreveu na mensagem a Biden. A conferir o discurso, que será feito para 40 líderes mundiais e as reações deles e de observadores de todo o planeta, de olho no Brasil pela questão ambiental e descontrole de contágios e mortes por Covid-19.