CPI vai ouvir hoje Mandetta e Nelson Teich Ex-ministros da Saúde, demitidos por divergências com Bolsonaro sobre a condução das ações durante a pandemia, serão os primeiros escutados

Armando Holanda
Elizabeth Souza
politica@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 04/05/2021 03:00

A CPI da Covid começa a ouvir, hoje, ex-ministros da Saúde do governo Jair Bolsonaro (sem partido). O primeiro da lista é Luiz Henrique Mandetta, seguido de Nelson Teich. Mandetta, primeiro ex-ministro da Saúde do atual governo, foi demitido do cargo em abril de 2020 por divergências com o presidente acerca da utilização de remédios sem eficácia comprovada, a exemplo da Cloroquina.
 
Amanhã, Eduardo Pazuello, o mais recente ex-ministro, deverá ser ouvido sozinho. Na quinta-feira, a CPI da Pandemia vai ouvir o atual titular da pasta, Marcelo Queiroga, e o diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres.
 
Atendendo requerimentos que foram apresentados e aprovados durante sessão na última semana, a convocação dos ex-titulares do MS busca desvendar se o país, mesmo optando por não efetivá-las, teria tido condições de adotar iniciativas mais eficientes no enfrentamento à pandemia. Contrário à dinâmica adotada por Bolsonaro no enfrentamento à Covid-19, Mandetta terá que responder questões referentes às orientações repassadas pelo Palácio do Planalto no início da pandemia, em especial a respeito dos processos de compra de EPIS, como máscaras, e testes da Covid-19, além da adoção de medidas de isolamento social. Já Teich, que deverá ser ouvido no horário da tarde, liderou a pasta por menos de um mês e deverá ser questionado sobre inações do governo.
 
Na quarta-feira, será a vez do general Eduardo Pazuello responder aos questionamentos que serão apresentados pela CPI. Durante sua gestão, aconteceram alguns dos principais episódios que escancararam as dificuldades do país em adotar iniciativas eficazes no combate à Covid-19, como a escassez de oxigênio no Amazonas, que culminou em recordes diários de mortes.
 
Questionado sobre possível estratégia de desgaste do ex-ministro Pazuello durante o depoimento, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) negou.
 
“Tanto os ex-ministros como o atual ministro da Saúde e o diretor-presidente da Anvisa poderão colaborar para que a gente tenha um cenário claro, completo daquilo que aconteceu na gestão pública federal no tocante ao combate à pandemia causada pelo coronavírus. Eu particularmente não tenho nenhum deles como figura crucial. Todos têm uma parcela muito importante de responsabilidade e terão que passar pelo escrutínio da CPI e da sociedade”, destacou Alessandro.

Dinâmica

De acordo com a dinâmica estabelecida pelo presidente da Comissão, Omar Aziz (PSD), a previsão é de que o primeiro dia de oitiva da CPI seja longo.
 
Inicialmente, Renan Calheiros, relator da CPI, poderá usufruir do tempo que achar necessário para os questionamentos. Os demais integrantes, terão cinco minutos para as perguntas direcionadas aos convidados.
 
Em seguida, por igual período, os ex-ministros responderão aos questionamentos, tendo cinco minutos para réplica e mais cinco para tréplica. Sendo assim, os parlamentares que integram a Comissão terão por volta de 4 horas de questionamento. Ao todo, a CPI é composta por 18 parlamentares, sendo 11 titulares e sete suplentes.