Ministro é acusado de ameaça à democracia Segundo matéria do Estado de S. Paulo, Braga Netto teria mandado recado para Arthur Lira dizendo que se o voto auditável não for aprovado não haverá eleição

Elizabeth Souza
politica@diariodepernambuco.com.br
Com Correio Braziliense e Estado de Minas

Publicação: 23/07/2021 03:00

Ministro da Defesa no Governo Bolsonaro, o general Braga Netto foi o nome mais comentado no país ontem. Isso porque matéria do jornal O Estado de S. Paulo informou que o general teria, no último dia 8, enviado um recado ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) informando que, caso não fosse aprovado o voto impresso na Casa, as eleições de 2022 não iriam acontecer.
 
“A quem interessar, diga que que, se não tiver eleição auditável, não terá eleição”. De acordo com o jornal, foram essas as palavras do ministro – que, no momento, estaria acompanhado dos comandantes do Exército, Aeronáutica e Marinha - a Arthur Lira, enviadas através de um interlocutor que não teve seu nome divulgado. No mesmo dia do ocorrido, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), como quem reforçava a mensagem, disse a apoiadores na entrada do Palácio da Alvorada: “Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições”.
 
Ainda de acordo com O Estado de São Paulo, à época, Lira havia procurado o presidente, após o episódio, e disse que não compactuaria com nenhum tipo de “ruptura institucional”. Na conversa, Bolsonaro, defensor assíduo do voto impresso, teria afirmado que não defenderia tentativa de golpe e que respeitava “as quatro linhas da Constituição”.

Negou
Após a repercussão do caso, o ministro Braga Netto, em pronunciamento realizado na manhã de ontem, negou as informações publicadas pelo jornal e destacou que o “ministro da Defesa não se comunica com os presidentes dos Poderes por meio de interlocutores. Trata-se de mais uma desinformação [...]”, frisou.
 
Em entrevista ao blog da Ana Flor, Arthur Lira também rebateu a notícia e disse não ter recebido recado de Braga Netto. Posteriormente, em publicação no Twitter disse que “a despeito do que sai ou não na imprensa o fato é: o brasileiro quer vacina, quer trabalho e vai julgar seus representantes em outubro do ano que vem através do voto popular, secreto e soberano”. Em outro trecho da publicação, partindo em defesa do governo, Lira completou: “As últimas decisões do governo foram pelo reconhecimento da política e da articulação como único meio de fazer o país avançar”.

Mourão

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão classificou como “mentira” a suposta ameaça do ministro da Defesa, e que, independentemente da aprovação da PEC do voto auditável, haverá eleições em 2022. Já o presidente Jair Bolsonaro, que até o fechamento desta edição não havia se manifestado sobre o caso, em entrevista à Rádio Banda B, voltou a defender o voto impresso e disse que “não pode admitir que meia dúzia de pessoas tenham a chave criptográfica de tudo e, de forma secreta, contem votos numa sala secreta lá no Tribunal Superior Eleitoral” e também revelou que na próxima semana comprovará a existência de fraudes nas eleições de 2014.