Pernambucanos repudiam declaração O governador Paulo Câmara, Humberto Costa, Túlio Gadêlha, Renildo Calheiros e Marília Arraes se posicionaram contra suposta ameaça

Elizabeth Souza
politica@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 23/07/2021 03:00

A um ano das eleições presidenciais, o Brasil tem vivenciado constantes episódios que têm estremecido o cenário político para 2022. O mais recente, foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo, ontem. De acordo com o periódico, o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, em recado enviado ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), em 8 de julho, havia dito que caso não haja a aprovação do voto impresso, as eleições de 2022 não ocorrerão.
 
Apesar de o ministro ter negado o ocorrido em pronunciamento, bem como o próprio presidente da Câmara, vários políticos condenaram a suposta ameaça de Braga Netto. Em Pernambuco, nomes como o do governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), senador Humberto Costa (PT) e dos deputados Renildo Calheiros (PCdoB), Túlio Gadêlha (PDT) e Marília Arraes (PT) foram às redes sociais e classificaram o episódio como tentativa golpista e ataque à democracia.
 
Nomeando como “não aceitável” a interferência do ministro da Defesa, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), em publicação no Twitter, pediu o esclarecimento “urgente” do caso. “Não é aceitável que se tente, em tom de ameaça, impor condições ao exercício da democracia”, comentou.

Investigação
Partilhando do mesmo posicionamento, o senador por Pernambuco, Humberto Costa (PT) comunicou que enviou ofício à Procuradoria Geral da República (PGR) solicitando investigação sobre o caso, episódio que ele classificou como  “grave ameaça à democracia”. “Em 1º lugar, não é papel das Forças Armadas discutirem temas políticos. Em 2º lugar, isso é uma ameaça velada de golpe militar. Esse debate só serve de pretexto para uma derrota de Bolsonaro”, escreveu.
 
“[..] Legislativo, Judiciário e a sociedade devemos estar mobilizados e a postos para combater tentativas golpistas. Mesmo que ele tenha negado, não devemos tolerar nem normalizar” esceveu o também deputado federal Renildo Calheiros (PCdoB) em publicação na internet, reforçando a necessidade de mobilizações sociais à favor da democracia.

Congresso
Também exigindo a célere elucidação dos fatos, o deputado federal Túlio Gadêlha (PDT) enviou ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), um ofício solicitando a convocação da Comissão Representativa do Congresso Nacional a fim de que, em caráter de urgência, possa atuar frente à susposta ameaça proferida pelo ministro Braga Netto. “Não podemos esperar acabar o recesso para que seja apurado este nítido ataque às instituições democráticas”, argumento Gadêlha. “Cabe ao Congresso decidir sobre o voto impresso. Ameaçar a democracia é crime”, reforçou.
 
A deputada federal Marília Arraes (PT) também usou as redes sociais e disse que “qualquer um” que pratique ações contra à democracia deve ser “processado e preso”. “Amanhecemos hoje com a notícia de que o general Braga Neto fez textualmente uma ameaça de golpe”, destacou. “Se o país tem um pacto de não ruptura institucional, ele ou qualquer que ameace à democracia deve ser processado e preso preventivamente, se for o caso. Isso não é brincadeira”, alertou.

Manifestação
A revelação do caso envolvendo Braga Netto ocorre na semana em que acontecerá mais um ato “Fora Bolsonaro”, previsto para amanhã. Organizada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) em parceria com movimentos sociais, a manifestação será realizada em diversas cidades do Brasil. No Recife, a concentração será na Praça do Derby, às 9h, com destino à Avenida Guararapes.

Declarações

“As instituições brasileiras e a Constituição não podem continuar sob este tipo de pressão, como vem acontecendo”
Paulo Câmara, governador

“Em 1º lugar, não é papel das Forças Armadas discutirem temas políticos. Em 2º lugar, isso é uma ameaça velada de golpe”
Humberto Costa, senador

“Ele ou qualquer um que ameace a democracia deve ser processado e preso preventivamente. Isso não é brincadeira”
Marília Arraes, deputada federal

“Não podemos esperar acabar o recesso para que seja apurado este nítido ataque às instituições democráticas”
Túlio Gadêlha, deputado federal

“Legislativo, Judiciário e a sociedade devemos estar mobilizados e a postos para combater tentativas golpistas”
Renildo Calheiros, deputado federal