CPI retoma depoimentos a partir de hoje Trabalhos no Senado recomeçam e vão focar em possíveis irregularidades em contratos para compra de vacinas contra a Covid-19

Henrique Souza
politica@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 03/08/2021 03:00

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia no Senado retoma seus trabalhos hoje após pouco mais de duas semanas de recesso. Na pauta, estão as possíveis omissões e irregularidades do governo federal durante a pandemia da Covid-19 e suspeitas de corrupção nos contratos de compras de vacinas para o Brasil. Esta semana, supostos intermediários de compras de imunizantes serão ouvidos. A CPI vai até 5 de novembro.

O primeiro a depor na volta da comissão será o reverendo Amilton Gomes de Paula. Ele teria negociado, com autorização do Ministério da Saúde, a aquisição de 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca. Amanhã, é a vez do sócio da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano. Segundo os advogados do empresário, ele viajou para a Índia.

Vice-presidente da comissão, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que pedirá a prisão preventiva dele caso não retorne da Índia. “Eu quero recomendar ao senhor Francisco Maximiano: volte e compareça à CPI de imediato no dia que seu depoimento está marcado. Evadir-se do país quando tem uma investigação em curso é crime. E nós não titubearemos em pedir a sua prisão preventiva”, afirmou o senador. Segundo Randolfe, a cúpula da CPI pedirá o bloqueio de bens de duas empresas de Francisco Maximiano: a Precisa Medicamentos e a Global.

A empresa seria responsável por intermediar as conversas para compra da vacina indiana Covaxin, produzida pelo laboratório Bharat Biotech. O imunizante teria sido adquirido a um preço 1000% acima do que foi oferecido pelo fabricante. O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), faria parte do suposto esquema. Na quinta-feira, a previsão é de que o representante da Precisa, Túlio Silveira, seja ouvido pelos senadores.

Requerimentos
A comissão retorna também com, ao menos até então, quase 400 requerimentos para análise. São pedidos de convocações, quebras de sigilos, informações e audiências públicas. A maior parte sugere a convocação de testemunhas. São 265 requerimentos para ouvir ministros, governadores, prefeitos, secretários, servidores públicos, representantes de empresas privadas, especialistas em saúde e até o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

A CPI também deve pedir na próxima semana a quebra de sigilo bancário de 10 sites bolsonaristas que divulgam informações sobre a pandemia. A intenção é descobrir quem financia esses influenciadores digitais.

Ministros

Dez ministros podem ser chamados para depor: Marcelo Queiroga (Saúde), Paulo Guedes (Economia), Walter Braga Netto (Defesa), Onyx Lorenzoni  recém-empossado ministro do Trabalho e da Previdência), Anderson Torres (Justiça), Carlos Alberto França (Relações Exteriores), Damares Alves (Direitos Humanos), Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia), João Roma (Cidadania) e Flávia Arruda (Secretaria de Governo). Há ainda um pedido de convite para o ministro Wagner Rosário, da Controladoria Geral da União (CGU).

Também há requerimentos para a convocação de três governadores: João Doria (SP), Rui Costa (BA) e Claudio Castro (RJ).
 
Novo suplente
A volta da CPI também deve ter uma participação mais ativa do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro. Com a saída do ex-senador e agora ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), a vaga de titular na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid é de Luiz Carlos Heinze (PP-RS). A vaga de suplente ficará com Flávio. O senador agora terá acesso irrestrito aos documentos que estão sendo coletados pelo colegiado, inclusive os de caráter sigiloso.
 
Agenda da semana
 
Hoje

Reverendo Amilton Gomes de Paula

Amanhã
Francisco Maximiano
 
Quinta-feira
Túlio Silveira

Requerimentos a serem analisados

  • 265 requerimentos para convocação de testemunhas

  • 51 requerimentos pedindo quebra de sigilo

  • 80 requerimentos de convites para a realização de audiências públicas