Aras sinaliza avançar nas investigações PGR recebeu ontem o relatório final e disse que será possível "avançar na apuração em relação a autoridades com prerrogativa do foro"

Publicação: 28/10/2021 03:00

O procurador-geral da República, Augusto Aras, recebeu na manhã de ontem o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, aprovado na noite da última terça-feira. Nas redes sociais, o PGR enalteceu os resultados da comissão e disse que há material para avançar com investigações.
 
“Esta CPI já produziu resultados. Temos denúncias, ações penais, autoridades afastadas e muitas investigações em andamento e agora, com essas novas informações poderemos avançar na apuração em relação a autoridades com prerrogativa do foro nos tribunais superiores”, escreveu o Ministério Público Federal (MPF) atribuindo a Aras.
 
Os 10 senadores responsáveis pelas discussões da comissão entregaram o documento presencialmente ao PGR. Logo após, os parlamentares seguiram para o Supremo Tribunal Federal (STF), para entregar o relatório ao ministro Alexandre de Moraes.
 
Enquanto isso, O presidente Jair Bolsonaro voltou a ironizar a CPI. No relatório final, a comissão imputou ao chefe do Executivo nove crimes; inicialmente estavam previstos 11. “Você pega uma CPI no fim do mundo. Não se achou nada. Não apurou o Consórcio Nordeste, em que (o secretário-executivo) Carlos Garbas jogou para o espaço mais de R$ 40 milhões. Quando faz um relatório final, já tem 11 crimes, passou para 9. Obrigado, CPI, só 9 crimes. Tiraram extermínio de índios e ‘genocida’”, disse em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan.
 
Mais cedo, Bolsonaro afirmou que o relatório final aprovado pela CPI ontem foi uma “palhaçada”. O chefe do Executivo insinuou vingança por parte do relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), porque o governo apoiou Davi Alcolumbre na disputa pela presidência do Senado em 2019 e não ele.
 
“Quem tem um pouco de juízo sabe que foi uma palhaçada lá. CPI do Renan. Talvez para se vingar, porque o que decidiu a eleição do Alcolumbre, em 2019, foi quando meu filho (senador Flávio Bolsonaro) abriu o voto dele”, disse em entrevista ao Jornal da Manhã  da TV Jovem Pan horas antes.
 
O presidente criticou a equipe que compõe a CPI e questionou a ação dos parlamentares durante a pandemia, apontando que “ficaram em casa, de férias”. Em tom irônico, chamou os senadores de “pais da ética e da moralidade”. (Correio Braziliense)

Repercussão
O Brasil ganhou destaque nos jornais internacionais ontem. Com a votação do relatório da CPI da Covid-19, todos os olhos se voltaram ao trabalho dos senadores, que, em quase seis meses, investigaram a fundo as ações do governo federal no combate à pandemia. Grandes jornais como The New York Times, The Guardian e Le Monde deram a notícia do pedido de indiciamento do presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) por nove crimes.

The New York Times
O Jornal ressaltou as acusações recomendadas pela CPI, destacando as "milhares de mortes desnecessárias" (Reprodução)
The New York Times O Jornal ressaltou as acusações recomendadas pela CPI, destacando as "milhares de mortes desnecessárias"

The Guardian
A Inglaterra amanheceu lendo que o relatório seguirá para a PGR e citou Augusto Aras como alguém que protege Bolsonaro (Reprodução)
The Guardian A Inglaterra amanheceu lendo que o relatório seguirá para a PGR e citou Augusto Aras como alguém que protege Bolsonaro

BBC
A BBC destaca o trabalho dos senadores e o pedido de "acusações criminais" contra Bolsonaro (Reprodução)
BBC A BBC destaca o trabalho dos senadores e o pedido de "acusações criminais" contra Bolsonaro

Le Monde
Para o jornal francês, o destaque foi a sugestão da CPI de privar Bolsonaro das redes sociais. Além disso, a edição destaca a acusação de "crimes contra a humanidade" (Reprodução)
Le Monde Para o jornal francês, o destaque foi a sugestão da CPI de privar Bolsonaro das redes sociais. Além disso, a edição destaca a acusação de "crimes contra a humanidade"