Bolsonaro diz que "não tem culpa" Presidente criticou CPI e, segundo Flávio Bolsonaro, teria dado uma gargalhada quando soube do relatório

Publicação: 21/10/2021 03:00

Antes do início da leitura do relatório da CPI da Covid-19, ontem, durante agenda na cidade de Russas, no Ceará, o presidente Bolsonaro disse “não ter culpa de nada” e criticou os trabalhos da CPI. Segundo o presidente, os senadores do colegiado “nada produziram a não ser ódio e rancor”. “Como seria bom se aquela CPI estivesse fazendo algo de produtivo para o nosso Brasil. Tomaram tempo do nosso ministro da Saúde, de servidores, de pessoas humildes e de empresários. Nada produziram a não ser o ódio e o rancor entre alguns de nós”, disse Bolsonaro. “Mas nós sabemos que não temos culpa de absolutamente nada”, afirmou o durante discurso.

Ao chegar ao Senado, na manhã de ontem, o senador Flávio Bolsonaro, membro suplente da comissão, também criticou o relatório de Renan Calheiros. Para ele, o parecer é uma “piada”. “Ele receberia da seguinte forma, você sabe aquela gargalhada dele?”, disse Flávio Bolsonaro a jornalistas ao se referir ao seu pai, imitando a risada dele. “Porque não tem o que fazer de diferente disso. É uma piada de muito mau gosto o que o senador Renan Calheiros faz”, avaliou. Ainda segundo Flávio Bolsonaro, que teve o indiciamento pedido pelo parecer final acusado de disseminação de fake news, o texto é “inconstitucional”.

O relatório também foi alvo de críticas por parte de outros senadores governistas. Para Marcos Rogério (DEM-RO), a CPI focou apenas o governo federal, com o objetivo de desgastar o presidente Bolsonaro. Já Eduardo Girão (Podemos-CE), que se declara independente e é autor do requerimento para a investigação nos estados, diz que a comissão fechou os olhos à atuação de governos estaduais e prefeituras. Eles prometem relatórios alternativos ao de Renan.

“Temor”

O presidente da CPI da Covid-19, senador Omar Aziz (PSD-AM), disse ontem que o presidente da República, Jair Bolsonaro, “deu gargalhadas não por alívio, mas por temor” das possíveis repercussões do relatório final da comissão, lido ontem. Ele comentou as declarações feitas horas antes pelo senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) de que o documento seria motivo de muitas risadas do chefe do governo.

“Presidente, o país precisa de afeto, e as imputações que estão sendo feitas contra a sua administração e contra a sua pessoa são imputações muito sérias. Rir neste momento não creio que seja uma risada de alívio; pelo contrário, a sua risada é de temor, porque a justiça vem. Vem pelos homens, e vem pela justiça divina”, declarou o Aziz.