Enfim, Jair Bolsonaro volta a ter um partido Após especulações, desentendimento com o presidente da sigla e acordo para evitar alianças com coligações de centro-esquerda, presidente se filia ao PL

João Victor Paiva
politica@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 30/11/2021 03:00

Após idas e vindas no acordo com o Partido Liberal (PL), o presidente Jair Bolsonaro se filiará à legenda na manhã de hoje, em Brasília. O filho mais velho do presidente, senador Flávio Bolsonaro (atualmente no Patriota), acompanhará o pai no novo partido. Bolsonaro está sem legenda desde 2019, quando rompeu com o PSL.
 
O evento estava planejado para acontecer no último dia 22 – em alusão à numeração do partido –, mas um desentendimento entre Bolsonaro e o cacique da sigla, Valdemar Costa Neto, adiou a cerimônia. O presidente reivindicava candidatura própria do partido em estados que a sigla possui alianças consolidadas, como Pernambuco e São Paulo.
 
O imbróglio, no entanto, foi resolvido e pode dar ao PL a maior bancada da Câmara dos Deputados. Hoje, a legenda possui a terceira maior bancada da Casa com 43 deputados, atrás do PSL (54) e do PT (53). Com a chegada de Bolsonaro ao partido, a direção da sigla estima que cerca de 30 deputados oriundos do PSL sigam os passos do presidente.
 
Bolsonaro também pressionou o PL a romper coligações com a centro-esquerda. “Foi acertado aqui. Não haverá qualquer coligação com partidos de esquerda nesses estados. Isso está definitivamente acertado com Valdemar”, disse em entrevista à Rádio Sociedade da Bahia. Fisiológica, a agremiação fez parte da base de apoio aos governos petistas.

“Casamentos”

O presidente costuma se referir aos passos dados na política partidária como acordos de um relacionamento amoroso. Nessa lógica, a união com o PL será a sétima ida de Bolsonaro ao altar. Egresso do Exército, Bolsonaro filiou-se inicialmente ao extinto Partido Democrata Cristão (PDC), pelo qual foi eleito vereador do Rio de Janeiro e, posteriormente, deputado federal, em 1990. Três anos depois, o partido se fundiu ao PDS, formando o Partido Progressista Reformador (PPR). Em 1995, a sigla passa por um novo processo de fusão com o PP, dando origem ao Partido Progressista Brasileiro (PPB). Bolsonaro ficou na legenda até 2003, quando migrou para o PTB.
 
Entre 2005 e 2017, o então deputado passou pelo finado PFL, PP e PSC, até acertar com o PSL de Luciano Bivar. Como de praxe, a relação com este último não durou muito tempo.
 
Desta vez, o presidente chegou a dizer que “está tudo certo para ser um casamento que seremos felizes para sempre”. Além de uma bancada volumosa, o PL ocupa a primeira vice-presidência da Câmara, com o deputado Marcelo Ramos (AM). Crítico do mandatário, Ramos deve deixar a sigla após a entrada do presidente. Outros quatro parlamentares também podem desembarcar do partido: Cristiano Vale (PA), Fábio Abreu (PI), Júnior Mano (CE) e Sérgio Toledo (AL).

Motorista

Após uma reunião com membros da Marcopolo, Bolsonaro dirigiu ontem um ônibus elétrico rumo ao Palácio do Planalto. Ao desembarcar, ele posou para uma foto. As imagens foram disponibilizadas nas redes sociais do presidente. A reportagem questionou a Secretaria de Comunicação da Presidência se o líder do Executivo possui carteira de motorista categoria D, que o possibilita conduzir veículos do tipo mas não obteve resposta.