"Não vou dizer que meu governo não tem corrupção" Em conversa com grupo de apoiadores no Palácio, presidente Jair Bolsonaro disse ser impossível "dar conta de mais de 20 mil servidores comissionados"

Ingrid Soares, do Correio Braziliense
e Marina Venturoli Vidal do Estado de Minas

Publicação: 07/12/2021 03:00

O presidente Jair Bolsonaro (PL) se contradisse, na manhã de ontem, em seu discurso sobre corrupção em seu governo. Em conversa com apoiadores na frente do Palácio da Alvorada, Bolsonaro falou que não pode afirmar que não acontece corrupção em seu governo. “Não vou dizer que meu governo não tem corrupção, porque a gente não sabe o que acontece, muitas vezes. Mas se tiver qualquer problema no meu governo, a gente vai investigar isso”, informou na conversa que foi gravada e publicada pelo canal do Youtube, Foco do Brasil, simpatizante do governo.
 
Na ocasião, o presidente parou o carro e seguiu para o cercadinho do Palácio da Alvorada, acompanhado de seus seguranças, para poder tirar fotos e conversar com seus apoiadores, todos sem máscaras. “Eu não posso dar conta de mais de 20 mil servidores comissionados, ministério com 300 mil funcionários. A grande maioria são pessoas honestas, tá ok?”, acrescentou.
 
Desde o início de sua candidatura para a presidência, Bolsonaro manteve um discurso de eliminar a corrupção. Em vários momentos durante seu governo o presidente afirmou ter conseguido o feito. “Eu acabei com a Lava-jato porque não tem mais corrupção no governo”, anunciou em discurso em 7 de outubro de 2020. “Não tem corrupção no meu governo, não tem corrupção”, voltou a declarar no dia 15 do mesmo mês.
 
Mais de seis meses após estes discursos, em 27 de julho de 2021, Bolsonaro voltou a afirmar: “Estamos com dois anos e meio do início do nosso governo, sem uma mácula sequer sobre corrupção”. Esses são alguns, dentre vários exemplos, de declarações do mandatário sobre a inexistência do ato ilegal em sua gestão.
 
Exames
Bolsonaro (PL) compareceu na manhã de ontem ao posto médico da presidência, que fica no anexo do Palácio do Planalto. A visita ocorreu pouco antes do início da agenda oficial. O chefe do Executivo já esteve outras vezes no posto médico este ano, onde realizou alguns exames. A Secretaria de Comunicação do Planalto não divulgou o motivo da ida do presidente ao local. No final da tarde, ele participou da solenidade do Prêmio Moacir Micheletto.
 
Em julho, Bolsonaro foi internado no Hospital das Forças Armadas e, posteriormente foi transferido para o Hospital Albert Einstein em São Paulo por causa de uma obstrução intestinal. O presidente já passou por seis cirurgias após a facada recebida em 2018, durante a campanha eleitoral. A última, foi realizada no dia 25 de setembro, para a retirada de um cálculo vesical.
 
Na agenda de ontem, o líder do Planalto se encontrou com Wagner Rosário, da Controladoria-Geral da União. À tarde, se reuniu com Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos; Tereza Cristina, ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com Carlos França, ministro das Relações Exteriores; Paulo Guedes, ministro da Economia; Onyx Lorenzoni, ministro do Trabalho e Previdência; Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia e Joaquim Leite, ministro do Meio Ambiente.