Ex-ministro da Educação na mira do STF Alexandre de Moraes abriu novo procedimento contra Abraham Weintraub por declarações polêmicas envolvendo ministros da Corte

Lara Tôrres
politica@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 22/01/2022 03:00

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, abriu, nesta sexta-feira, um procedimento de investigação para apurar declarações proferidas pelo ex-ministro da Educação do Governo Bolsonaro, Abraham Weintraub, contra ministros da suprema corte durante entrevista concedida ao lado de seu irmão, Arthur Weintraub, ao podcast Inteligência Limitada.
 
Sem apresentar provas de suas alegações, Weintraub afirmou que um dos ministros que lhe negaram habeas corpus tentou comprar a casa que possui em um condomínio fechado, mesmo que não estivesse à venda, alegando que o ex-ministro da Educação, então vivendo nos Estados Unidos, era alvo de uma investigação e não voltaria ao Brasil.
 
“Eu vou contar um outro detalhe picante. Moro numa casa, num condomínio fechado, uma casa boa. Um juiz do STF estava procurando casa na região, dentro do condomínio. Viu a minha casa e falou: ‘Pô, casa bonita, hein, de quem é?’ Falaram: ‘Abraham Weintraub.’ ‘Pergunta para ele se não quer vender para mim’”, disse Weintraub na entrevista, continuando: “’Não tá à venda.’ ‘Pergunta se quer vender para mim, já que ele não vai mais voltar ao Brasil.’ O que acha disso? É adequado?”. O entrevistador do programa, conhecido como Vilela, diz que isso é grave. Weintraub responde: “Isso é grave? E todo o resto que falamos aqui? É anedótico. É piada pronta.”
 
Weintraub disse ainda que foi chamado de covarde por fugir para os Estados Unidos para não ser preso pelo STF. A Corte nunca determinou sua prisão, mas o ex-ministro acreditava nessa possibilidade. Ele passou a ser investigado por ataques ao STF em maio de 2020, quando o então ministro da Justiça, André Mendonça, hoje ministro do STF, pediu à Corte a suspensão da investigação. O pedido foi negado.
 
Moraes determinou a apuração das afirmações de Weinstraub no âmbito do conhecido como “inquérito das fake news”, que investiga ataques e ameaças a membros do STF.

Racha com Bolsonaro

Weintraub afirmou que há cerca de um ano, desde que deixou o Ministério da Educação, não tem conseguido falar com Bolsonaro, que não atende suas ligações desde que ele foi realocado para o Banco Mundial, nos Estados Unidos. Depois que uma seguidora lhe pediu para não “lavar roupa suja” nas redes com a advogada do presidente, Karina Kufa, e sim conversar diretamente, o ex-ministro afirmou “tento falar há mais de um ano com ele…”.